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Nico e Keke Rosberg: títulos parecidos |
Não foi pouco o que Nico Rosberg conseguiu em 2016.
Sagrar-se campeão, depois de dois anos perdendo para o companheiro de equipe é
algo raríssimo no automobilismo. Em geral, pilotos mais lentos tendem a ser
relegados ao posto de segundo piloto inapelavelmente, quando têm um companheiro
de equipe mais rápido. E Lewis Hamilton é, sem dúvidas, mais rápido do que
Rosberg.
Mas o alemão foi inteligente. Soube jogar com os erros e
azares do adversário, teve regularidade e o principal: demonstrou entender
muito bem do que é feita a Fórmula 1 atualmente. Para exemplificar isso,
destaco o GP da Europa, em Baku. Os dois carros da Mercedes tiveram o mesmo
problema, em um dos seus inúmeros softwares. Na época, estava em vigor a
ridícula regra da censura na comunicação entre pilotos e equipes. Sozinho no
cockpit, Nico solucionou o problema. Lewis não. O resultado: o alemão em
primeiro, o inglês em quinto.
Não gosto nem um pouco de uma categoria de automobilismo na
qual a pilotagem fica em segundo plano para o domínio da tecnologia. Mas acho
sensacional quando um piloto compreende a essência do esporte no qual está e,
mesmo sem ser o melhor, consegue driblar os adversários. Assim, Rosberg foi
campeão vencendo menos corridas do que Hamilton. Ele é o segundo filho de
campeão do mundo a ser tornar campeão também. E vejam só: seu pai, Keke, foi
campeão pela Williams vencendo apenas uma corrida em 1982, justamente o GP dos
Estados Unidos, a última prova do ano.
A rivalidade entre Lewis e Nico salvou a temporada de 2016
da F1, a terceira consecutiva dominada pela Mercedes. Mas, apesar de
adversários, a briga entre eles se dá de forma peculiar. Sim, eles se
encontraram na pista na Espanha e na Áustria (o melhor momento da temporada),
mas em geral revezam vitórias. Rosberg começou melhor mas Hamilton virou o
jogo. Aí o alemão reagiu, emendou mais uma série de triunfos e se colocou na
condição de favorito. A partir daí, se dedicou a comboiar o companheiro nos
GP's, sem correr riscos. Não sei dizer se essa é uma briga super empolgante. Acho
que não.
E o GP de Abu Dhabi acabou sendo uma vitrine do que a F1 tem
demonstrado a três anos: a Mercedes tem um carro tão superior, que os caras
fazem o que querem na pista. Hamilton correu segurando o ritmo para que os
adversários chegassem em Rosberg, já que essa era sua única chance de ser
campeão. O cara abria do adversário antes das zonas de abertura de asa e depois
segurava na parte mais lenta. Ou seja: os caras da Mercedes brincam de correr
como querem. Isso não é bom para o esporte.
Ano que vem teremos novo regulamento e espero que as outras
equipes cheguem mais perto. Essa dança de dois já está enchendo o saco.