quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O que será da F1 no Brasil?

Rubens Barrichello comemora em Monza/09: última vitória brasileira na F1

O site meio e mensagem publicou uma interessante matéria, com viés publicitário, a respeito dos rumos da Fórmula 1 no Brasil. A parada de Felipe Massa ao final do ano e a remota possibilidade de Felipe Nasr estar em um cockpit competitivo (aliás, não se sabe nem se ele estará em um) tornam bastante obscuro o futuro da categoria no país. Some-se a isso a venda, confirmada hoje, dos direitos da F1 para a Liberty Media, que assume o comando paulatinamente, até o fim do próximo ano.

Me parece claro que não há mais interesse da grande massa do público por Fórmula 1. E quando digo grande massa me refiro aquelas pessoas que assistem corridas ocasionalmente e que dizem não gostar mais porque não é mais como na "época do Senna". Há pouco destaque para o esporte nos principais sites brasileiros e, mesmo nos noticiários esportivos da Globo, que afinal detém os direitos de transmissão, pouco se fala de F1.

Os índices de audiência da Fórmula 1 caíram drasticamente nos últimos anos. E é preciso ser razoável: de fato, a F1 ficou complicada demais para quem não é fã do esporte. É um desafio assistir a uma corrida hoje e lidar com informações sobre Kers, ERS, pneus ultramacios, economia de combustível, controles de largadas, asas móveis. Difícil imaginar que alguém vai parar por quase duas horas, no domingo de manhã, para assistir a algo que não compreende direito, sem ter sequer como torcer para um piloto brasileiro.

E esse é o segundo problema: não haverá pilotos brasileiros em boas condições tão cedo. A falta de interesse do público, fez com que o país praticamente parasse o seu processo de formação de pilotos e, com a parada de Felipe Massa, as consequências começarão a chegar. Há uma possibilidade para Sérgio Sette Câmara, que conseguiu contrato com a RedBull, mas ele vai precisar pastar muito para conseguir entrar na Toro Rosso. E, depois disso, se mostrar muito serviço, poderá estar na RedBull no futuro. Mas o percentual de chance é infimo. Pedro Piquet e Pietro Fittipaldi surgem no horizonte como possibilidades futuras, mas ainda distantes.

Isso significa que o jejum de vitórias brasileiras, que já é o maior da história do país, continuará. O último brasileiro a vencer uma corrida de F1 foi Rubens Barrichello, no distante GP da Itália de 2009. O jejum anterior, que era o maior até então, havia durado 7 anos, quebrado justamente por Rubinho, ao vencer o GP da Alemanha de 2000. Não vislumbro vitórias brasileiras num período de dez anos para a frente, a não ser que existam casos fortuitos, como foram as vitórias de Panis, em Mônaco /96 e Maldonado, na Espanha/12. Nada estruturado, só casos isolados mesmo.

É triste que um país de 8 títulos mundiais e 101 vitórias tenha chegado ao ponto de se tornar uma nação de casos fortuitos, como a Venezuela ou a Polônia, por exemplo. Mas é um buraco no qual o próprio país se meteu. É o caso de se olhar para dentro e perceber onde estão os erros para tentar começar tudo do zero. Haverá interesse para isso? Se pensarmos que acabamos de demolir um autódromo para construir um centro olímpico, vamos ver que estamos bem perto da resposta, infelizmente.

Nenhum comentário: