quarta-feira, 13 de maio de 2015

Os benefícios de se olhar pra trás


Sempre que tenho um ataque de nostalgia, recorro aos meus DVD's de corridas antigas para lembrar como o automobilismo era mais legal. Aí que semana passada tirei a poeira do armário e fui de GP do Brasil de 2001, o primeiro que vi ao vivo na vida. Tem um significado bem especial pra mim.

Bom, a F1 já não era nenhuma maravilha em 2001, estava longe do espetáculo que era nos anos 70, 80 e 90. Claro, tudo evolui, nada é igual. Mas é possível notar, numa corrida de 14 anos atrás, onde foi que a coisa se perdeu.

Primeiro: as ultrapassagens. Sim, elas eram raríssimas naquela época, e enxergávamos uma crise nas corridas. Mas hoje, vejo que éramos felizes e não sabíamos. As poucas ultrapassagens que ocorreram naquela corrida, em Interlagos, foram um claro resultado do instinto dos pilotos, que decidiam que iriam pra cima do adversário, e iam mesmo. Foi assim que Juan Pablo Montoya jogou a Williams por dentro no S do Senna, tocou rodas com Michael Schumacher e jogou o alemão na grama.

Fosse hoje, certamente um engenheiro pediria para que o colombiano aguardasse o momento de abertura da asa móvel para ultrapassar. E, se houvesse essa oportunidade, a ultrapassagem seria feita sem esforço algum. Mas, caso houvesse qualquer toque, como houve, Montoya seria punido, o que não aconteceu em Interlagos.

Outro fato interessante: ninguém correu economizando nada. Claro, economizar pneus e combustível pode ser uma estratégia para quem sabe fazer isso (Prost, por exemplo), mas na F1 de hoje economizar é a palavra de ordem para qualquer piloto, é o que manda na corrida. O resultado é que todos parecem correr meio presos, sem dar tudo que o carro pode. Até porque, se derem, esses pneus da Pirelli acabariam em 5 voltas.

Em Interlagos/2001, Montoya, Schumacher e Coulthard correram com a faca nos dentes, trocando melhores voltas, abanando a traseira de seus carros para todos os lados. O mínimo erro seria castigado, e eles estiveram sempre no limite.

E tem mais: Rubens Barrichello cometeu um erro idiota, acertou a traseira de Ralf Schumacher e ficou fora da prova. Sua entrevista à Globo, durante a transmissão, é uma pérola. Cheia de ironias, dando alfinetadas na equipe. Patético, mas divertido. Diferente das declarações corporativistas que ocorrem hoje.

E, por fim, o barulho dos carros. É impressionante a diferença que faz, até mesmo na sensação de velocidade que se tem, ao ver pela tela da televisão.

Olhar para o passado pode ser bom para a F1, definitivamente. A solução para a falta de interesse, pode mesmo estar lá.

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