Nelson Piquet parece ter conseguido o que queria. A Renault emitiu um comunicado oficial, informando a demissão de Flávio Briatore e Pat Symonds da equipe. Ambos são acusados por Piquet de terem arquitetado toda a marmelada de Cingapura 2008, quando Nelsinho Piquet teria se acidentado de propósito para favorecer Fernando Alonso.
Para mim não há mais dúvidas de que todo este caso é verdadeiro. A telemetria do carro de Nelsinho, a atrapalhada entrevista de Symonds na semana passada (desconversando o tempo todo), as circunstâncias em que tudo aconteceu e agora esta demissão só comprovam que a Renault tem conhecimento do caso e está agindo desta maneira para se poupar de punições mais severas. Agora tudo fica a cargo das investigações, para definir as punições, ou não, aos culpados. Mas todos nós já perdemos: os atletas, dirigentes, torcedores e todos que, em algum momento, pararam para assistir uma corrida de Fórmula 1.
Briatore é um babaca. Não é de hoje que dá mostras de seu caráter desprezível. Tem um faro invejável para descobrir pilotos talentosos, é verdade, mas também é hábil ao costurar contratos de longa duração, prendendo estes profissionais a si e fazendo da carreira deles o que bem entende. Mas em sua trajetória na Fórmula 1 se tornou famoso pelas suas artimanhas fora da pista, burlando regulamentos, criando carros irregulares (assoalhos na Benetton, amortecedores na Renault, apenas para ficar em dois exemplos) e, agora, mandando pilotos se arrebentarem no muro. Espero que seja punido exemplarmente pela FIA, de uma maneira que o impeça de voltar à F1 por qualquer equipe que seja.
Mas a personalidade de Briatore não deve servir de muletas para sentirmos pena e absolvermos Nelsinho pela sua manobra. Não há contrato que justifique a atitude de um piloto de bater de propósito para beneficiar outro. O que aliás é a novidade. Já vi pilotos baterem uns nos outros, em disputas de título, o que é triste mas, até certo ponto, faz parte do automobilismo. Mas criar um plano conspiratório tão grande, para beneficiar o companheiro é realmente desprezível.
E que tipo de personalidade é essa que fez com que Nelsinho fizesse o que fez para denunciar a farsa só depois de ser demitido? Ora, Rubens Barrichello entregou uma vitória para o companheiro, numa das cenas mais tristes da Fórmula 1, mas jamais escondeu isso de ninguém.
Podemos até questionar o fato de ele ter aceitado fazer isso e não ter rasgado o contrato com a Ferrari, mas aí é outra história. Ao denunciar a palhaçada só agora, quase um ano depois de tudo, Nelsinho não fez o bem que pensa ter feito a todos. A denúncia foi apenas mais um capítulo do desrespeito ao automobilismo que toda essa história representou até agora.
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