Na década de 80, foi tirada uma fotografia que se tornou
emblemática na Fórmula 1: sentados numa mureta, Nelson Piquet, Ayrton Senna,
Alain Prost e Nigel Mansell, enfileirados, se abraçavam. Eram apresentados como
os maiores nomes da categoria. De fato, entre 1985 e 1993, apenas esses 4
ganharam títulos na Fórmula 1.
Alguns críticos apontam Nigel Mansell como um intruso na foto.
Aquele que destoava da turma. Os números também apontam isso: Prost ganhou 4
títulos, enquanto Senna e Piquet sagraram-se tricampeões. O Leão ganhou apenas
um campeonato, a bordo de um carro capaz de disfarçar qualquer erro cometido
pelo piloto, o Williams FW14B.
A questão é que ninguém divertiu mais os torcedores do que o
veloz e atrapalhado Leão. Enquanto Senna e Prost eram competitivos ao extremo e
Piquet atraia a antipatia de todos no circo com seu mal humor crônico, Mansell
conquistava com seus jogos de cena, suas trapalhadas ilárias na pista e, principalmente,
com sua pilotagem exuberante. Um piloto que não sabia esperar: se tivesse um
adversário à frente não hesitava em ultrapassá-lo, nem que tivesse que colocar
todas as rodas na grama para isso. Sem nunca deixar de lado a lealdade em todas
as disputas.
Em 1991 Mansell disputava o título da Fórmula 1 com Senna e
acabou cometendo um erro em Suzuka, perdendo a taça. Ao final da prova, foi até
a área de box cumprimentar o brasileiro quando ele descia do carro, erguendo
seu punho em frente à torcida japonesa. Uma imagem tocante após dois anos nos
quais o campeonato foi decidido com manobras desleais, politicagens e brigas de
bastidores entre Ayrton e Alain Prost.
Após ser campeão da Fórmula 1, Mansell foi dispensado por
Frank Williams. Poderia ter ido para qualquer equipe do grid, mas topou o
desafio de ir para a Indy, categoria que ganhava cada dia mais força. Lá
encontrou gente do nível de Bobby Rahal, Al Unser Jr. e Emerson Fittipaldi. De
cara, levou o título, numa temporada memorável em 93. No ano seguinte, dividido
entre a Fórmula 1 e a Indy, sucumbiu ao domínio dos Penske Mercedes. Encerrou a
sua carreira de forma melancólica, sem caber no carro da McLaren, em 95. Dos
quatro da foto, foi o último a se retirar.
Mansell é um personagem que faz falta à Fórmula 1 de hoje.
Ou talvez não. Do jeito que as coisas estão, talvez os comissários o obrigassem
até a raspar o bigode para ficar com a cara de coxinha da turma atual. Seria
uma pena.
Um comentário:
Vou parafrasear o Marcos Antonio do GP Séries: Deus Mansell.
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