Em setembro Rush estreia
no Brasil. O filme do diretor Ron Howard vai contar a história da rivalidade
entre James Hunt e Nick Lauda, dois campeões da Fórmula 1. Na Internet já estão
rolando vários trailers e fotos do filme e, até agora, tudo parece espetacular.
Filmes que trazem automobilismo como tema não são comuns e
essa é uma carência grande dos fãs. Nesta semana, fiz um compilado de alguns
filmes que vi e que utilizam o tema para contar suas histórias.
Cabem algumas observações:
_ Não vi Grand Prix, que dizem ser o clássico definitivo
deste tema na telona. Por isso não está na lista.
_ Não sou crítico de cinema, apenas gosto do
assunto. As análises estão muito mais ligadas ao automobilismo do que ao filme
em si.
E vamos à lista:
Carros
Personagens divertidos, animação caprichada e uma boa
história para contar. Carros segue a risca a cartilha da Pixar de filmes em
desenho animado e não decepciona. O filme conta a história de Relâmpago
McQueen, um carro de Nascar que acaba perdido e preso numa cidade às margens da
Rota 66, uma semana antes da decisão do campeonato da categoria. Para sair de
lá ele precisa superar sua arrogância e aprender várias lições com os moradores
locais.
Não é um enredo genial, é verdade, mas Carros traça um
retrato descontraído e bastante fidedigno do automobilismo norte-americano. Do
clima interiorano e amistoso que permeia o ambiente das corridas, passando pela
reverência do povo aos ídolos do passado e recheando tudo com situações
corriqueiras e atuais, como os micos que os pilotos precisam pagar para promover
as marcas que os patrocinam.
No processo o filme traz muitas curiosidades, como a
homenagem explícita à lenda da Nascar, o piloto Richard Petty, ou a
participação especial de Michael Schumacher, que dubla uma Ferrari no final do
filme.
Infelizmente, Carros ganhou uma continuação anos depois, mas
ela nem se compara ao original.
Alta Velocidade
Silvester Stallone queria muito fazer um filme sobre automobilismo.
Andou perambulando pelos bastidores da Fórmula 1 na década de 90, mas percebeu
que aquele ambiente fechado não permitiria que ele rodasse suas cenas. Partiu
então para a Cart.
Infelizmente ele deveria ter ido para casa, já que Alta
Velocidade é uma das piores porcarias já produzidas na história do cinema. No
filme, Stallone é Joe Tanto, um campeão aposentado que é convidado por seu
ex-chefe, interpretado por Burt Reynolds, para ajudar o jovem e talentoso Jimmy
Bly a vencer o campeonato. Uma clara inspiração no campeonato da F1 de 94,
quando Nigel Mansell foi chamado pela Williams para ajudar Damon Hill no final
da disputa.
Até poderia ser uma boa história se o roteiro não fosse
povoado por personagens patéticos e acidentes absurdos, que desafiam todas as
leis da física. Há, ainda, um triângulo amoroso ridículo envolvendo dois
pilotos e uma loira que a cada hora namora um e uma trama totalmente
inverossímil sobre o empresário de Bly, vivido por Robert Sean Leonard, o Dr.
Wilson, da série House.
Se você estiver à toa e quiser dar uma espiada neste lixo,
atente-se especialmente à cena na qual dois pilotos saem pelas ruas acelerando
um carro de Fórmula Indy, ou à patética tomada final, da decisão do campeonato.
Nem mesmo as cenas filmadas em corridas reais salvam, já que são rápidas e
cheias de cortes, sendo substituídas pelas réplicas mal feitas dos carros da
categoria.
Dias de Trovão
Dias de Trovão é o típico filme americano que conta a
história de um herói que, talentoso e arrogante, precisa superar vários
desafios para conseguir vencer os adversários, dar a volta por cima e, claro,
beijar a linda loira no fim.
Neste filme, Tom Cruise é Cole Trickle, um jovem piloto que
chega à Nascar achando que vai vencer todas as corridas e acaba tropeçando nos
próprios erros. E é uma pena que este seja o fio condutor da história, pois
Dias de Trovão também oferece uma visão interessantíssima sobre os bastidores
da categoria americana, mostrando como funcionam as negociações entre equipes e
patrocinadores, e a maneira como essas negociatas chegam aos pilotos em forma
de pressão. Destaque para a belíssima cena na qual o personagem de Robert
Duvall constrói o carro que será usado por Trickle.
Com várias cenas filmadas em corridas de verdade, Dias de
Trovão acaba sendo um passatempo interessante, embora tivesse potencial para
ser muito mais que isso. Mas vale a conferida.
Se meu Fusca Falasse
Acho que não existe nenhuma pessoa que não tenha se
emocionado com a história do simpático fusquinha Herbie que, descoberto numa
revenda de carros usados, acaba construindo uma linda história de amizade com
seu dono.
Lançado na década de 60, “Se meu Fusca Falasse” faz uma
homenagem às populares corridas de carreteiras da época, com muito bom humor e
descontração. O carro acabou se tornando maior que o filme e que todos os seus
personagens. Ganhou continuações como “O Fusca enamorado” que passou algumas
vezes na Sessão da Tarde e também uma versão moderninha com Lindsay Lohan de
protagonista. Não vi nenhuma das duas, então não sei se são tão boas.
O fato é que até hoje, em encontros de carros antigos, é
possível ver fusquinhas pintados com o lendário #53, que Herbie usava nas
corridas que disputava pelas estradas norte americanas.
Senna
Lançado em 2010, o documentário “Senna” é uma verdadeira
pérola para os amantes do automobilismo. Acompanhando a trajetória de Ayrton
Senna desde o Kart, o documentário, produzido pelo inglês Asif Kapadia mostra
detalhes da carreira do brasileiro sem transformá-lo numa espécie de Jesus
Cristo na Terra, como estamos acostumados a ver na Rede Globo.
Recheado de imagens interessantíssimas dos bastidores, o
documentário mostra como a rivalidade entre Senna e Prost se deu dentro e fora
da pista, com o francês tentando desestabilizar o brasileiro. Também é
interessante acompanhar a forma como se davam as reuniões entre pilotos antes
das provas e a maneira como Senna reagia às determinações com as quais não
concordava, frequentemente esbravejando e deixando a sala antes do fim do
encontro.
Mas, além da politicagem, o filme também mostra o talento
incomparável de Senna na pista e o clima de tensão que cercou o fim de semana
do GP de San Marino, que acabaria resultando na morte do brasileiro e de Roland
Ratzenberger.
De quebra, é possível ver cenas raríssimas, como aquela do
acidente de Ratzenberger feita a partir da câmera de um espectador que eu, pelo
menos, nunca tinha visto. “Senna” é um documentário para ver e guardar para
mostrar para os filhos.
2 comentários:
Senna não deveria estar na mesma lista que Carros, Days of Thunder e os outros.
Não é ficção.
Dos de ficção, sem dúvida, o do Stallone é o mais bizarro de todos.
Não acho ruim, mas é estranho pra caramba.
Nossa, eu acho muuuuuuuuito ruim! De dar vergonha!
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