Massa e Bottas, da Williams: tá mais rápido? Então passa, uai! |
A Williams
não frequenta o grupo das grandes equipes há pelo menos 10 anos. A última vez
foi em 2004, quando era empurrada pelo motor BMW e tinha Montoya e Schumacher,
o Ralf. Depois disso, fez um carro razoável em 2007 ou 2008, não me lembro,
teve um brilhareco com a pole de Hulkenberg em Interlagos/10 e outro com a
vitória de Maldonado em Barcelona/12.
Este ano
resolveu sacudir a poeira. Contratou diversos profissionais muito capacitados,
arrumou um grande patrocinador, trouxe um piloto que passou 8 anos correndo na
Ferrari. Em 2013, mal conseguia passar do Q3 nos treinos e agora tem um carro
reconhecidamente rápido, marcou pontos nas duas primeiras corridas do ano,
fruto do trabalho duro dessa turma que contratou.
Aí, no
final da segunda etapa do campeonato, quando Felipe Massa disputava o sexto
lugar na corrida, Valteri Bottas se aproxima e, no rádio do brasileiro vem o
recado: ”Valteri is fasther than you”. Sinceramente, na hora até pensei que fosse
piada. Mas não era. Tanto que, quando Felipe compreensivelmente ignorou a ordem
exdrúxula e desrespeitosa, o mesmo engenheiro voltou ao rádio pedindo para que
ele conservasse o carro até o final, que não seria atacado pelo companheiro.
É muita
palhaçada junta. Ora, se Bottas tinha mais velocidade, que tentasse então a
ultrapassagem. Felipe é macaco velho, é óbvio que não colocaria o excelente
resultado de sua equipe em risco, brigaria pela posição de forma leal. Mas
deixar passar? Gente, isso é uma competição!
Há um excesso
de interferência dos engenheiros na corrida, pelo rádio e começo a achar que a
FIA, ao invés de ficar inventando regulamentos mirabolantes deveria,
simplesmente, proibir o uso de tal comunicação. Falar com o piloto agora, só
com plaquinha.
O
raciocínio é simples: enquanto o piloto vê a corrida pelo prisma do esporte,
querendo ultrapassar, ganhar posições, brigar com os adversários, aqueles que
estão fora da pistam só enxergam $$$$$ na frente. Aí temos um festival de “Economize
gasolina”, “Poupe pneus”, “Mantenha posição”, “Diminua o ritmo”, “Desligue o
ar-condicionado”, “Ligue o limpador de para brisas”, etc. E o coitado lá
dentro, se esfola todo para tirar 5 ou 6 segundos de diferença, encosta no
adversário e quando está pronto para botar pra quebrar houve, com aquela fleuma
toda, “Fulano, não arrisque a posição, esses pontos são importantes”.
É muita
frescura junta. Bernie Ecclestone e as equipes precisam entender que as pessoas
pagam para ver aquilo no autódromo. Acordam de madrugada para assistir na
televisão. E fazem isso porque querem ver esporte. Desfile de carrinhos
coloridos não tem graça nenhuma. Isso que fazem o tempo todo, no rádio, é
desrespeitoso com pilotos e com público.
Existe jogo
de equipe e trabalho em equipe, o que é diferente. Um piloto ajudar o outro a
ganhar um campeonato, quando não tem mais chances, é uma coisa (como fez
Schumacher com Irvine, na corrida que relembramos essa semana). Mas ceder
posição na segunda etapa do campeonato, sem motivo aparentente? Uma piada de
mal gosto, de uma equipe que até ontem mal conseguia andar na pista.
Felipe
Massa pode não ser um gênio, mas ontem ganhou pontos importantes. Mostrou que
tem brio de esportista, um brio que ele havia perdido em outra ocasião, com o
mesmo “Is fasther than you”que enterrou sua carreira na Ferrari. Às vezes a
vida dá voltas que nos levam a viradas curiosas. Que essa tenha sido a virada
que Felipe precisava para recuperar o prazer em correr, na Fórmula 1 ou em
outra categoria que tenha um pouco mais de respeito pelos pilotos e pelo
público.
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