segunda-feira, 25 de julho de 2016

Por mais simplicidade

Rosberg pisa fundo sob bandeira amarela, no sábado:
é para punir? Não é? Quem sabe explicar?
É inegável que a Fórmula 1 está oferecendo, neste 2016, um bom campeonato. A rivalidade entre Hamilton e Rosberg parece mais robusta do que nos anos anteriores, Max Verstappen chegou para incomodar a turma de cima, e vem proporcionando ótimos espetáculos, Kimi Raikkonen faz um bom campeonato, a McLaren vem reagindo.

Ou seja, sentar-se diante da TV para assistir a uma corrida, tem sido um programa bastante animado. Mas, o que me pergunto sempre que termina uma corrida, é se eu consegui entender tudo o que se passou diante da tela nas duas horas anteriores. E, também, se alguém conseguiu.

Quem consegue explicar as regras atuais da F1, quando perguntado a respeito? Por que, por exemplo, Nico Rosberg não foi punido no sábado, mesmo tendo tirado vantagem clara ao ignorar a bandeira amarela causada por Fernando Alonso? E qual seria o motivo da punição a Jenson Button, que relatou um problema nos freios e foi instruído a ficar na pista? E, ainda, se é verdade que Max Verstappen não mudou várias vezes de trajetória na briga com Raikkonen, não seria mais grave a escolha pela trajetória definitiva no momento da freada, como o holandês fez mais de uma vez? E todas as vezes que Kimi passou do limite da pista com as quatro rodas durante essa briga?

Essas perguntas são apenas algumas, mas vejam o tamanho do parágrafo que geraram. Quantas páginas deve ter o regulamento técnico da F1? Será que precisa de tudo isso? Aqui em BH, organizo um campeonato de kart amador, a gloriosa Copa BH de Kart. Nosso regulamento tem 5 páginas de Word, e cada vez que surge uma situação que nos leva a perder tempo analisando e interpretando demais, mudamos para o ano seguinte. Precisamos de simplicidade.

E é de simplicidade que a F1 precisa, também. É muito para a minha limitada cabeça, ter que assistir a um treino no qual voltas podem ser anuladas porque o piloto ganhou tempo por cruzar o limite da pista. Hora, se alguém cruza o limite da pista e ganha tempo, então a pista tem um grave problema. Ou, daqui a pouco, teremos que ter um fiscal por carro.

O nível de tecnologia que os carros atingiram é muito legal, mas ninguém se interessa por computadores ambulantes. As pessoas querem ver pegas interessantes e que premiem aqueles que forem mais rápidos. Corridas, e falo qualquer corrida, ganharam fama por serem competições em que o mais rápido vence, utilizando um carro com  quatro pneus e gasolina. Ponto final.

Vejam a Indy, ou a Nascar: os caras saem com tanque cheio e quatro pneus novos. Quando acaba, para troca e volta para a pista. Fazem isso quantas vezes forem necessários até que, ao final de x voltas, o mais rápido ou o mais inteligente vence a prova. Nessas categorias ninguém sente falta de KERS, ERS, Asa Móvel, pneus moles, duros, semi-moles, moles pra cacete, etc.

Não estou dizendo que a F1 tem que voltar a ser como era nos anos 70, não é isso. A evolução não pode parar, e já vivemos outras fases nas quais a tecnologia se tornou mais importante que os pilotos. E é nessa fase que estamos agora: é mais fácil saber o nome de um fiscal de pista, ou de um componente eletrônico, do que de um dos pilotos da Marússia. Isso é grave.

Como sempre digo aqui, a F1 precisa de novas cabeças, que enxerguem aquilo que fez dela um esporte popular e amado. E que possam resgatar elementos que tornem a experiência de assistir a uma corrida, algo que fique restrito ao esporte e às emoções que ele traz. Deixem as discussões de regulamento e tecnologia para quem entende delas.

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