segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Mercedes cavou o buraco


Rivalidades entre companheiros de equipe não são exatamente incomuns no mundo do automobilismo. Com carros iguais, pilotos que nem sempre são do mesmo nível costumam se engalfinhar na pista com alguma frequência. O que muda é a forma com que cada equipe lida com essas disputas.

Em 88 e 89 a McLaren deixou o pau comer entre Senna e Prost, até porque sabia que nenhum deles obedeceria nenhum comando. Viu os dois serem campeões, cada um em uma temporada. Quase 20 anos depois, a mesma McLaren mudou a postura no caso Alonso x Hamilton e partiu para a briga contra o espanhol, uma situação que eu nunca tinha visto. E acabou perdendo o campeonato de 2007, um ano em que tinha o melhor carro, e dois grandes pilotos.

Em 2010 foi a vez da Red Bull ter de contornar os problemas entre Webber e Vettel. E conseguiu, pelo menos, manter as aparências na base do bom humor, bem ao estilo dos austríacos.

O que nos traz a 2014 e ao duelo Hamilton x Rosberg, que a cada corrida atinge um novo patamar. Na Bélgica veio o primeiro toque entre eles, Hamilton teve um pneu furado e Rosberg perdeu o primeiro lugar ao ser obrigado a trocar a asa dianteira. De dobradinha certa da equipe a vitória de Daniel Ricciardo, um dos nomes do ano na Fórmula 1.

Depois da corrida, reunião e toda a equipe se volta contra Rosberg que, segundo quem estava neste encontro, admitiu ter batido de propósito. Algo que ele não confirmou para a imprensa.

Acho impossível que Rosberg tenha batido de propósito. Ninguém consegue ser tão cirurgico a 300 por hora, a ponto de encostar sua asa dianteira no pneu do carro da frente daquela maneira. Se pegasse roda com roda, poderia haver um capotamento. Mas, é bom lembrar, a reunião ocorreu logo depois da corrida, todos estavam de cabeça quente. Não acho difícil que Rosberg tenha sido colocado contra a parede e, furioso, tenha dito que bateu de propósito mesmo e que se dane.

Este novo capítulo só mostra que a Mercedes está bem perdida. Como pode Toto Wolf admitir que um piloto acertou outro de propósito e  a única providência que toma é anunciar que agora as ordens de equipe serão mais rígidas? Quem vai obedecer? Se estiverem faltando 10 voltas para acabar o GP da Itália, Nico estiver em primeiro com Lewis perto dele, o diretor vai pedir que mantenham as posições? E Hamilton vai obedecer isso? Tá aí uma coisa que eu quero muito ver…

A Mercedes cavou um buraco quando resolveu tratar publicamente uma crise que é interna. Desde Mônaco eles já não são um time, são dois, um lutando contra o outro. Resolver isso com ordens de equipe definitivamente não é a melhor solução e quem vai comendo pelas beiradas é a Red Bull. Teremos uma segunda metade de temporada das mais interessantes.

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