segunda-feira, 10 de abril de 2017

Quadriculada para o blog



Dia 13 de Dezembro de 2016. Essa foi a data da última postagem neste blog. Já estava acabado. Nenhum blog pode ficar quase 6 meses sem novo conteúdo. Chegou, então, a hora da bandeirada final.

Mas há uma explicação para o abandono e um pedido de desculpas. Minha vida virou de cabeça para baixo nos últimos meses e toda essa confusão transformou-se no motivo pelo qual encerro as atividades do Velocidade&Cia agora: uma nova oportunidade profissional, totalmente diferente de tudo o que já fiz. Uma nova área, com novos desafios, colegas e até mesmo um novo lugar para morar. É muita coisa para se adaptar ao mesmo tempo. Não vai dar pra manter esse espaço.

Foi em 2009 que a história começou por aqui, mas já vinha de mais tempo. Em 2001 quando comecei a falar sobre automobilismo com meus amigos Fábio Campos e Luis Fernando Ramos. Com a bênção do mestre Getúlio Neuremberg ocupamos, durante uns bons anos, as ondas da Rádio Fumec FM, com o Grid 899, um espaço semanal para falar de corridas. Um sonho que virava realidade.

Depois formamos, a rádio acabou (sei lá se acabou, nunca mais ouvi falar de nada feito por lá) e eu e Fábio montamos o blog do Grid. Logo percebemos que não daria certo um espaço virtual para duas pessoas e dividimos os esforços.

Criei o Velocidade&Cia, um nome besta para marcar um espaço no qual esperava extrapolar o assunto automobilismo. Nunca consegui. Fiquei mesmo no universo das corridas.

Foram 482 posts (483 com esse) nos quais falamos muito sobre várias categorias, transmissões esportivas, dicas para os leitores e até sobre cinema. Criei listas que não dei continuidade, mostrei ídolos que tenho no automobilismo e que ninguém sabia. Tentei trazer um pouco de conteúdo diferenciado, mesmo tendo pouco tempo (o blog nunca foi minha atividade prioritária, infelizmente).

Mas tudo tem um fim e agora o Velocidade&Cia encontrou o dele. O espaço vai continuar aqui, para quem quiser ler as bobagens que já escrevi. Na última postagem, uma análise sobre as transmissões esportivas no Brasil que, aliás, continuam uma porcaria.

A você que esteve aqui, que participou, que comentou, ou que só leu mesmo, meu muito obrigado! Escrever para blog me fez muito bem durante um tempo difícil que já passou. Agora são novos ares. E quem sabe um dia não inauguramos uma nova etapa?


Abraços a todos e boas corridas! 

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Um olhar sobre as transmissões de automobilismo no Brasil

Rodrigo Mattar, do Fox Sports: raro exemplo de profissional que busca informação para driblar a falta de estrutura

Quem já tiver tido o prazer de assistir qualquer transmissão da Fórmula 1 pela Sky Sports deve morrer de inveja dos europeus. São horas e horas de programação, com comentaristas, repórteres e ex-pilotos in loco em todas as etapas, conversando com pilotos, dirigentes, produzindo análises e muito mais. Gente preparada, que estuda antes de fazer aquilo que exige muito conhecimento: transmitir um esporte, qualquer um, para o grande público.

A pergunta é: como o automobilismo pode estar novamente entre as modalidades mais populares do Brasil se as emissoras que transmitem corridas tratam o esporte como lixo? Mais do que uma crise técnica, pela falta de pilotos em categorias importantes, passamos por um momento de total falta de investimento também na mídia que é dedicada às corridas. Transmissões à distância, com pouca informação e comandadas por gente despreparada.

É bem verdade que nenhum esporte no Brasil, com exceção do futebol, tem a cobertura que merece. Nunca teve. Houve um breve período, nos anos 80, em que a Globo dedicou atenção e investimentos à Fórmula 1, quando tivemos nosso período mais frutífero em termos de resultados, com os tricampeonatos de Piquet e Senna. Na década de 90 foi a vez do SBT dar uma aula de como se transmitir eventos esportivos, com a brilhante cobertura da Indy entre os anos de 95 e 98.

É muito difícil fazer uma boa transmissão sem contar com profissionais falando diretamente do local no qual está ocorrendo o evento. Mas é impossível? Não, não é, e por incrível que pareça, 2016 nos apresentou a duas equipes que conseguem se destacar justamente por conseguirem se virar dentro da falta de estrutura das emissoras nas quais trabalham.

Uma delas é a dupla Sérgio Lago e Rodrigo Mattar, da Fox Sports. Os dois comandam as transmissões da Nascar no canal, e contam apenas com informações que têm na tela. Também estiveram juntos na transmissão das 24 Horas de Le Mans e na final da Fórmula E. Com um bom humor na medida, Lago e Mattar transmitem a corrida procurando levar ao espectador informações sobre o evento no qual estão trabalhando. Estudam e pesquisam antes de entrar no ar. Alguém consegue imaginar Galvão Bueno estudando, ou trocando informações com Reginaldo Leme antes de narrar uma corrida de F1?

O outro destaque é a equipe composta por Téo José e Felipe Giaffone, no Band Sports. Neste caso, com uma dificuldade a mais: se a Nascar disponibiliza muitas informações para embasar o trabalho de Lago e Mattar, Téo e Giaffone precisam se virar diante da pobreza de recursos da transmissão da Indy. E se viram muito bem: Téo José é o melhor narrador de automobilismo do Brasil, embora demonstre sinais de cansaço com o esporte. E Giaffone demonstra compreender muito bem o comportamento dos carros da Indy, mesmo tendo estado na categoria por tão pouco tempo. Deve ser por que pesquisa e estuda sobre o tema, não é Luciano Burti?


Resumindo, é difícil imaginar que o automobilismo voltará a ter a mesma atenção que já teve em um passado cada vez mais distante. Mas um pouco de dedicação e profissionalismo por parte da equipe pode tornar as transmissões um pouco mais informativas e, consequentemente, atrativas. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Rosberg deixa a F1

Menos de uma semana depois de comemorar seu título, Nico anunciou a aposentadoria

Uma bomba de proporções gigantescas acaba de explodir no mundo da F1: Nico Rosberg acaba de anunciar que vai se retirar da categoria, justamente na semana em que conquistou seu primeiro título mundial.

Aos 31 anos, o alemão alegou que o título conquistado no último domingo foi fruto de muito sacrifício. Acha que atingiu o máximo e não gostaria de voltar a enfrentar as situações pelas quais passou em 2016. Após 11 temporadas na F1, Rosberg não deixou claro se continua correndo em alguma outra categoria ou não.

É uma decisão respeitável, mas inacreditável. Correndo na melhor equipe do campeonato, após fazer a melhor temporada da sua vida e conquistar seu título mundial, Rosberg se aposenta. Fico até na dúvida se não houve algo mais grave, que pudesse ter levado o piloto a tomar uma decisão tão drástica.

Nico estreou na F1 em 2006, na Williams. Logo na sua primeira corrida, no Bahrein, o filho de Keke Rosberg pontuou e marcou a melhor volta da prova. Nos anos seguintes, sofreu com os carros ruins produzidos pela equipe, ainda que 2008 tenha sido uma boa temporada.

Em 2010 foi contratado pela Mercedes, que também trazia de volta Michael Schumacher, após 3 anos de aposentadoria. Correram juntos até 2012 e Nico jamais ficou atrás do heptacampeão, provando seu valor. Sua primeira vitória veio na China/12, quando ganhou uma corrida debaixo de muita chuva.

A partir de 2013 veio a parceria com seu amigo dos tempos de kart, Lewis Hamilton. No começo tudo bem, muita amizade e risadas nos bastidores. Mas, a partir de 2014, quando a Mercedes passou a humilhar seus adversários, a guerra entre eles explodiu. Nesse mesmo ano, Rosberg perdeu o título para o companheiro na última prova. Em 2015 teve alguns problemas mecânicos e foi novamente derrotado. Este ano levantou a cabeça, acelerou, e se tornou o segundo filho de campeão mundial a se tornar também campeão.

Com a sua retirada, surge uma vaga inesperada na melhor equipe da F1. O caminho natural seria a promoção de Pascal Wehrlein, piloto da casa, que corre emprestado na Manor. Mas a Mercedes pode surpreender e ir atrás de alguém mais experiente. Alonso? Button? Massa?


A F1 parecia definida para 2017, mas agora o bicho vai pegar de novo. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A vitória da inteligência

Nico e Keke Rosberg: títulos parecidos
Não foi pouco o que Nico Rosberg conseguiu em 2016. Sagrar-se campeão, depois de dois anos perdendo para o companheiro de equipe é algo raríssimo no automobilismo. Em geral, pilotos mais lentos tendem a ser relegados ao posto de segundo piloto inapelavelmente, quando têm um companheiro de equipe mais rápido. E Lewis Hamilton é, sem dúvidas, mais rápido do que Rosberg.

Mas o alemão foi inteligente. Soube jogar com os erros e azares do adversário, teve regularidade e o principal: demonstrou entender muito bem do que é feita a Fórmula 1 atualmente. Para exemplificar isso, destaco o GP da Europa, em Baku. Os dois carros da Mercedes tiveram o mesmo problema, em um dos seus inúmeros softwares. Na época, estava em vigor a ridícula regra da censura na comunicação entre pilotos e equipes. Sozinho no cockpit, Nico solucionou o problema. Lewis não. O resultado: o alemão em primeiro, o inglês em quinto.

Não gosto nem um pouco de uma categoria de automobilismo na qual a pilotagem fica em segundo plano para o domínio da tecnologia. Mas acho sensacional quando um piloto compreende a essência do esporte no qual está e, mesmo sem ser o melhor, consegue driblar os adversários. Assim, Rosberg foi campeão vencendo menos corridas do que Hamilton. Ele é o segundo filho de campeão do mundo a ser tornar campeão também. E vejam só: seu pai, Keke, foi campeão pela Williams vencendo apenas uma corrida em 1982, justamente o GP dos Estados Unidos, a última prova do ano.

A rivalidade entre Lewis e Nico salvou a temporada de 2016 da F1, a terceira consecutiva dominada pela Mercedes. Mas, apesar de adversários, a briga entre eles se dá de forma peculiar. Sim, eles se encontraram na pista na Espanha e na Áustria (o melhor momento da temporada), mas em geral revezam vitórias. Rosberg começou melhor mas Hamilton virou o jogo. Aí o alemão reagiu, emendou mais uma série de triunfos e se colocou na condição de favorito. A partir daí, se dedicou a comboiar o companheiro nos GP's, sem correr riscos. Não sei dizer se essa é uma briga super empolgante. Acho que não.

E o GP de Abu Dhabi acabou sendo uma vitrine do que a F1 tem demonstrado a três anos: a Mercedes tem um carro tão superior, que os caras fazem o que querem na pista. Hamilton correu segurando o ritmo para que os adversários chegassem em Rosberg, já que essa era sua única chance de ser campeão. O cara abria do adversário antes das zonas de abertura de asa e depois segurava na parte mais lenta. Ou seja: os caras da Mercedes brincam de correr como querem. Isso não é bom para o esporte.


Ano que vem teremos novo regulamento e espero que as outras equipes cheguem mais perto. Essa dança de dois já está enchendo o saco. 

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Sem BB e sem brasileiros

Em sua melhor corrida, Nasr garantiu 40 milhões para a Sauber em 2017.
Pode não ser suficiente.

O futuro do Brasil na F1 vai ficando cada vez mais sombrio. No final da semana passada o Banco do Brasil confirmou a retirada do patrocínio da Sauber, ficando apenas como apoiadora da carreira de Felipe Nasr. Porém, com um valor muito menor: estima-se que a instituição destinava cerca de 15 milhões de euros ao projeto da Fórmula 1. Este valor será reduzido para cerca de 5 milhões.

Primeiramente, vamos ser sinceros: no meio de uma crise financeira como a que o Brasil está passando, é um absurdo que uma empresa estatal destine um valor desses para bancar a carreira de um esportista em uma modalidade cada vez mais voltada para bilionários. O BB anunciou ontem que vai fechar 402 agências em todo o país e oferecer um plano de demissão voluntária. Ou seja, pessoas que se esfolaram para passar em um concurso público ficarão desempregadas. Não há nem que se falar em F1, ou qualquer esporte. Aliás, faria muito bem a Caixa se também retirasse os patrocínios aos clubes de futebol no Brasil.

Voltando à Fórmula 1, complica-se bastante a situação de Nasr na Sauber. A equipe suiça anunciou a renovação de contrato de Marcus Ericsson. Na disputa pela segunda vaga, além de Nasr, estão Esteban Gutierrez e Pascal Wehrlein. O mexicano tem muito dinheiro. O inglês tem o apoio da Mercedes e Toto Wolf já sondou Monisha Kaltenborn sobre a possibilidade de colocar seu pupilo no time suiço. Com isso, Nasr ainda poderia tentar alguma coisa na Manor.

A situação da Sauber é um retrato fiel do que é a F1 atual. Felipe Nasr pode não ser brilhante, mas desde que estreou foi o responsável pelos grande momentos da equipe na categoria. Com os dois pontos obtidos em Interlagos, o brasileiro praticamente garantiu a metade do orçamento do time para 2017, com a premiação de 40 milhões de dólares que a equipe receberá pela décima colocação no mundial.

Quer dizer, o cara consegue grana para a equipe na pista, mas não tem grana fora dela. E a equipe prioriza a grana que consegue de fora, no caso, com o sueco Marcus Ericsson, um piloto bem limitado tecnicamente.

O fato é que estamos bem próximos de uma situação a qual não estamos habituados: desde a estreia de Emerson Fittipaldi, em 1970, o Brasil sempre contou com pelo menos um representante na categoria principal do automobilismo. Isso está bem próximo de acabar.

domingo, 13 de novembro de 2016

Vale como vitória



Pode parecer que não, mas o que Felipe Nasr fez hoje, em Interlagos, significa muito. O nono lugar do brasileiro representam os primeiros dois pontos da Sauber no campeonato e fazem com que a equipe supere a Manor na classificação. Se nada anormal ocorrer em Abu Dhabi, e não vai ocorrer porque Abu Dhabi é muito previsível, a equipe garante cerca de 13 milhões de dólares na sua conta para o ano que vem.

E não é apenas o resultado ou os pontos em si. E sim a atuação do brasileiro que foi magistral em Interlagos, numa condição de pista que traiu muita gente hoje. Além do traçado espetacular, o circuito paulistano ainda oferece essas variações climáticas que, ano sim ano não, transformam a corrida numa imensa loteria.

E abre espaço para gente muito boa brilhar. E Nasr brilhou, o que pode ser um grande peso na sua tentativa de permanecer na Sauber em 2017. Ele não tem a grana de Esteban Gutierrez, mas mostrou que pode garantir dinheiro de outra forma para a equipe: apresentando-se bem quando as condições estiverem a seu favor.

E o que dizer da corrida de Max Verstappen? Minha Nossa Senhora, que piloto é esse? Ultrapassou nada menos do que 11 adversários em 15 voltas, um absurdo. A última manobra, sobre Sérgio Perez, foi um verdadeiro show do piloto, que foi aplaudido de pé pelo público, no circuito.

Falando em público, vale dizer: comportamento exemplar da torcida na homenagem a Felipe Massa. É muito raro ver a exigente torcida brasileira reverenciar um piloto que não foi campeão e ainda que vai mal na sua prova de despedida, diante dos seus torcedores. Mas Felipe talvez tenha sido o último a chamar a atenção do brasileiro para a Fórmula 1, com suas temporadas de 2006 e 2008, quando venceu no Brasil. Na última, inclusive, ficou por 500 metros de ser campeão. Massa foi um piloto menos exuberante do que Rubens Barrichello, mas soube escolher a hora de parar e deu à torcida a chance de homenageá-lo como merece. A imagem dele voltando as boxes com a bandeira brasileira é uma das mais belas da história do autódromo.

Agora a F1 terá sua decisão em Abu  Dhabi, com Lewis Hamilton precisando vencer e torcer para que Nico Rosberg chegue na quarta posição. Como já dissemos, o moderníssimo autódromo Yas Marina é extremamente previsível e Nico só precisará se manter na pista. Lewis terá que torcer para que as duas Red Bull aprontem alguma, ou então para que o companheiro enfrente problemas de motor.


Acho que não vai dar. Rosberg fez uma boa temporada e merece ser campeão. Vamos conferir.  

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Tony Kanaan fica na Ganassi em 2017



Tony Kanaan acaba de anunciar que fica mais um ano na Chip Ganassi. Será a quarta temporada do piloto brasileiro em uma das mais tradicionais equipes da Fórmula Indy. Ele conseguiu uma vitória e 11 pódios no total. Seu companheiro de equipe, Scott Dixon, foi campeão no ano passado.

Não são números avassaladores, os do campeão de 2004. Mas aos 41 anos, Tony ainda demonstra estar em forma e poderá ajudar o time em 2017, quando a equipe voltará a utilizar motores da Honda. Isso sem contar, claro, o ótimo apoio financeiro que Kanaan garante à Chip Ganassi.

De qualquer maneira, é uma boa notícia para o automobilismo brasileiro. Os dois representantes do país na Indy, Kanaan e Helio Castroneves, estão nas duas maiores equipes. Helinho permanecerá na Penske, em 2017.

Assim como na F1, o Brasil sofre com a falta de renovação de seus pilotos na Indy. Se na categoria europeia corremos o risco de não termos nenhum representante no ano que vem,com a saída de Felipe Massa, pelo menos na Indy teremos alguma sobrevida.

E tomara que seja uma sobrevida com vitórias, já que o jejum está grande por lá também.