sábado, 18 de julho de 2015

Jules Bianchi



Há 21 anos, quando Ayrton Senna estampou o muro da curva Tamburello, em Ímola, a Fórmula 1 levou um choque de realidade. A morte do brasileiro, e de Roland Ratzenberger, um dia antes, ocorria 12 anos depois do último falecimento na F1 (Ricardo Palleti, que morrera no Canadá, em 82). A categoria caiu na real porque, apesar de mais de uma década sem acidentes fatais, sempre ficava a impressão de que aquela segurança toda era fruto muito mais da sorte, do que da competência dos dirigentes.

Nos anos seguintes, a F1 promoveu uma verdadeira revolução em suas pistas e carros e, se hoje é mais seguro estar dentro de um bólido da categoria, do que em um carro comum na cidade, devemos isso ao sacrifício de Senna e Ratzenberger, naquele fim de semana trágico de Ímola.

Pois bem: ontem, recebemos a triste notícia do falecimento de Jules Bianchi, de 25 anos, que passou nove meses em coma, resultado da batida estúpida em Suzuka, no ano passado. Desta vez, o choque é outro: em carros e pistas tão seguros, como a F1 pode ter matado alguém depois de tanto tempo?

O tempo, agora, é de se pensar em procedimentos, o que já vem sendo feito. Bianchi saiu da pista quando já escurecia, bateu num trator que resgatava o carro de Adrian Sutil, que rodara uma volta antes. Quantas e quantas imagens vimos, na época do acidente, de resgates insanos na pista, enquanto a corrida rolava? Quantas saídas de pista ocorreram, com carros passando bem próximos a tratores e guinchos?

O fato é que correr num carro, qualquer carro, a mais de 300 Km por hora sempre foi e sempre será perigoso. Mas, assim como na aviação, os acidentes devem servir para que se tome providências, no sentido de minimizar os riscos aos pilotos.

Que a morte de Bianchi não seja em vão, como não foram as de Senna e Ratzenberger.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Apenas aumente o som

Dois videozinhos do Festival de Goodwood, realizado no início do mês, na Inglaterra. É um evento tradicional, que reúne carros de corrida de várias épocas, com pilotos lendários e a turma atual também, pilotando carros históricos.

No 1º vídeo, uma compilação de carros e mais carros. No 2º, uma voltinha na Williams FW-13B, de 1990, pilotada naquele ano por Thierry Boutsen. A carona é com o piloto Alex Lynn.

Festival de Goodwood... Anotado na lista para daqui há alguns anos...



domingo, 5 de julho de 2015

De novo elas, as ordens de equipe

Massa pula na frente em Silverstone: chuva estragou
uma boa corrida da Williams
É engraçado como essa coisa da ordem de equipe é um fantasma que assombra a Fórmula 1 de tempos em tempos, mais do que qualquer outra categoria de automobilismo do mundo. Quando tudo parece calmo, vem um dirigente, liga o rádio, dá uma ordem e a confusão está armada. Dessa vez, foi a Williams que, tentando potencializar um ótimo começo de seus pilotos no GP da Inglaterra, pediu que Valteri Bottas não atacasse Felipe Massa, que liderava a prova após superar as Mercedes numa largada espetacular.

Ocorre que a F1 atual tem esse equipamento chamado asa móvel, que faz com que o piloto de trás ganhe muito mais velocidade numa reta longa, como a de Silverstone, facilitando bastante as manobras de ultrapassagem. Ora, Felipe Massa ia em primeiro. Sabia que se forçasse muito o ritmo, acabaria com seus pneus e teria que parar uma vez a mais. Não abria, portanto, de Bottas. O que os engenheiros pensavam que o finlandês poderia fazer? Valteri argumentou isso pelo rádio e foi autorizado a ultrapassar. (Atualizando: acabo de ler que Bottas está bravo por ter sido impedido de ultrapassar. Mentira. A Williams pediu cautela ao finlandês, mas disse que ele poderia tentar uma manobra limpa. Com asa móvel, não passou porque não quis. Que chatice!).

Sim, a Williams poderia ordenar que Massa deixasse o companheiro ir embora, mas aí teria um duplo problema. Primeiro que não sei até que ponto Bottas conseguiria abrir do resto. Segundo que, se tirasse o pé na reta, Felipe perderia não só a segunda posição como também a terceira, já que Hamilton vinha colado.

Depois de um início de corrida arrasador a Williams conseguiu apenas a 4ª e 5ª posição com Massa e Bottas. Mas não foi por causa da falta da ordem para troca de posição no início e sim por causa da chuva e, claro, devido à demora do time para chamar seus pilotos para o box quando a água começou a cair de verdade. Rosberg também errou nesse ponto, aliás todo mundo errou. Somente Hamilton, que ampliou sua vantagem, e Vettel, que buscou um pódio improvável, pararam na hora certa.

Arrisco dizer que, sem chuva, a Williams faria 2° e 3° lugares, já que Rosberg estava mais acomodado do que de costume nessa corrida. A única diferença que haveria no resultado final, caso tivesse trocado as posições no começo, seria Bottas no segundo degrau do pódio e Massa no terceiro. Além de uma tremenda repercussão negativa para o time, a mesma que conseguiu quando deu uma ordem para troca de posições no GP da Malásia do ano passado.

O fato é que o GP da Inglaterra mostrou, como se ainda fosse necessário, o quão enorme é o repertório da Mercedes e como nenhuma equipe tem condições de desafiá-la. Hamilton, em pese a tentativa de ultrapassagem suicida na relargada, não precisou suar o macacão para engolir as duas Williams antecipando em apenas uma volta seu pit-stop. Ele entrou atrás e voltou mais de 3 segundos a frente de Massa. Um absurdo.

Já Rosberg, com o mesmo canhão nas mãos, sequer ameaçou o companheiro quando teve chance, nas primeiras voltas. Uma prova de que, infelizmente, a combatividade que o alemão mostrou na Áustria pode ter sido momentânea.

O fato é que a faísca da polêmica foi acesa. Vamos ver quanto tempo dura, até que outro dirigente resolva falar mais do que deve no rádio.