domingo, 28 de junho de 2015

Prova emocionante consagra Nelsinho Piquet na Fórmula E



Nelsinho Piquet é o grande campeão da primeira temporada da Fórmula E, a categoria de carros elétricos criada no ano passado, pela FIA. O brasileiro venceu o compatriota Lucas di Grassi e o suiço Sebastien Buemi numa rodada dupla emocionante, em uma pista improvisada num parque de Londres. Uma conquista merecida, de um piloto que vem sabendo sacudir a poeira após cometer um erro grave na Fórmula 1.

Nelsinho é, de todos os pilotos brasileiros que chegaram à F1 na era pós Senna, aquele que teve as melhores condições de brilhar. Obteve resultados expressivos nas categorias de base, com o staff montado pelo tricampeão Nelson Piquet. Foi bem na GP2 e chegou a F1 em 2008 para correr pela Renault, equipe que tinha sido bi-campeã dois anos antes. Fez um ano apenas razoável (conseguiu um pódio, na Alemanha) mas envolveu-se em um dos maiores escândalos da história do automobilismo. Sob ordem de Flávio Briatore, bateu seu carro de propósito em Cingapura, entregando a vitória a Fernando Alonso, o outro piloto da equipe.

Sem que ninguém ainda soubesse da história, ganhou um novo contrato para 2009, mas a equipe fez uma porcaria de carro e Piquet não conseguiu sequer repetir seu apenas mediano 2008. Foi demitido e colocou a boca no trombone, revelando o que havia feito em Cingapura. Foi defenestrado da F1, junto com Briatore, um dos maiores escroques que já pisaram no padock da categoria.

Piquet foi refazer sua vida na Nascar e, no fim do ano passado, meio que de última hora, apostou na F-E para voltar aos monopostos. E, pelo que se viu em sua primeira temporada, apostou certo: obteve duas vitórias e fez corridas extremamente consistentes.

Na etapa final, numa pista difícil e apertada, envolveu-se numa disputa dura com seu rival Lucas di Grassi na primeira prova. Na segunda, foi prejudicado pela chuva nos treinos e partiu da 16ª colocação, para fazer uma corrida inteligente, conservando bateria para atacar no final. Deu sorte, porque o suiço Buemi rodou sozinho, perdeu uma posição para Bruno Senna e, com isso, deu adeus ao título. Tentou um ataque suicida no final, mas Bruno defendeu bem a posição e garantiu a taça a Piquet, que terminou em 7°.

Confesso não ter acompanhado todas as provas da Fórmula E este ano, mas quando vi, gostei. É uma alternativa interessante para quem gosta de corridas porque, principalmente, as provas são boas. Duas corridas curtas, vários pilotos com passagem pela F1, gente de gabarito nos boxes das equipes. É claro que o fato de os carros não fazerem barulho incomoda, mas se a corrida é boa, qual o problema? A F-E teve uma temporada de respeito, usou as redes sociais como ninguém, inovou descartando autódromos para correr em circuitos de rua montados próximos ao público.

As pessoas precisam parar de fazer comparações o tempo todo. A Fórmula E não será a Fórmula 1, ou a Fórmula Indy. Será mais uma categoria para entreter quem gosta de corrida boa. Não precisa de narrador famoso ficar chamando de “corrida de peixes”no Twitter né… Quem gosta de corrida, saúda a F-E, com barulho ou sem barulho.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Os chiliques da ex-campeã



O GP da Áustria, no último fim de semana, trouxe mais um capítulo da briga Red Bull x Renault x Fórmula 1. Além de Dietrich Mateschitz, que já vinha falando em abandonar a F1, agora foi a vez de Christian Horner abrir a caixa de ferramentas, dizendo que a Red Bull não precisa da Fórmula 1. A equipe está muito insatisfeita com o desempenho dos motores da Renault e acha as novas regras da Fórmula 1 rígidas e complicadas demais, o que tira da equipe a possibilidade de buscar o terreno perdido.

É uma situação que leva a algumas reflexões. A primeira delas é sobre quem são os protagonistas dessa nova Fórmula 1. Há muito tempo, em meados dos anos 2000, Max Mosley alertou para o perigo da entrada das montadoras e grandes empresas na categoria. Desde então já foram vários exemplos de que o velho Max tinha toda a razão. A Renault entrou e saiu várias vezes, a BMW se pirulitou ao menor sinal de crise e a Honda foi embora no final de 2008, voltando agora como fornecedora de motores.

A Red Bull não precisa da F1, Christan Horner tem toda a razão. E isso é um grande problema. Não se vê Frank Williams falando em abandonar a F1, por exemplo, porque a F1 é o seu negócio. Mas, para os austríacos, a história é outra. Automobilismo é um dos ramos da empresa de energéticos, que movimenta bilhões de dólares apoiando várias loucuras sob a alcunha de esporte radical. Se não há retorno financeiro, a empresa sai for a mesmo, não há paixão ou apego.

Outra coisa é em relação ao regulamento. Deve ser bem pouco motivador constatar ter um carro problemático no início do ano, já que há pouquíssimas possibilidades de melhora. A F1 não treina, não testa, não há como desenvolver novos componentes. A Red Bull não vai conseguir nem de longe chegar perto de Mercedes, Ferrari e Williams este ano e talvez nem no ano que vem. É ruim para o esporte, para o público, para a equipe e para os pilotos.

Mas, mesmo considerando tudo isso, cabe uma crítica à direção da equipe, ou da empresa: a Red Bull teve seu ciclo vitorioso, como tiveram Ferrari, Williams, McLaren e agora a Mercedes. Todas elas caíram, levantaram e permaneceram. A Red Bull sabe da realidade da F1 atual, e esse chilique todo por causa do mau desempenho fica parecendo coisa de criança mimada, que só gosta da brincadeira quando se está ganhando.

Se é de imagem que se fala, as atitudes atuais dos dirigentes da Red Bull não estão ajudando em nada na forma como as pessoas vêem a empresa.

domingo, 21 de junho de 2015

Rosberg vence com autoridade na Áustria



Das três vitórias obtidas por Nico Rosberg em 2015, a da Áustria foi, de longe, a mais significativa. Se na Espanha o alemão viu o compatriota Vettel segurar Hamilton em boa parte da corrida e, em Mônaco, venceu devido a um erro infantil do companheiro inglês e da Mercedes, em Spielberg o piloto do #6 ganhou com autoridade e competência. E ainda viu um Lewis Hamilton apático, sem esboçar nenhuma reação e ainda cometendo um erro ridículo na saída dos boxes. A diferença entre eles é de 10 pontos apenas e agora, diferente das outras vitórias, Rosberg parece capaz de buscar a liderança. O que será ótimo para o campeonato.

Infelizmente, nem a espetacular pista da Áustria foi capaz de salvar a corrida da morosidade que tem sido regra na temporada. Além de uma boa briga entre Maldonado e Verstappen no final, tivemos algum suspense na disputa pela terceira posição nas últimas voltas, entre Massa e Vettel. Mas isso só ocorreu porque a Ferrari teve problemas no pit-stop do piloto alemão, que teve que correr atrás do brasileiro na pista. Chegou, mas não conseguiu passar.

E não conseguiu devido a um brilhante trabalho de Massa, que pilotou com autoridade nas voltas finais, sem cometer um erro sequer e obteve seu melhor resultado no ano. Foi um pódio circunstancial, claro, mas que pode dar alguma tranquilidade ao brasileiro para o restante do ano.

Mas legal mesmo foi a reunião dos ex-pilotos Nelson Piquet, Niki Lauda, Alain Prost, Gerhard Berger, Pierluigi Martinni, Riccardo Patrese, Christian Danner e Jean Alesi, que deram umas voltas com carros que pilotaram nos tempos áureos da Fórmula 1. A Minardi de Martini, inclusive, lembrando dos seus dias de agonia, estourando o motor. Quando uma reunião de ex-pilotos chama mais a atenção do que a corrida da turma nova, é a confirmação de que temos mesmo um problema.


domingo, 14 de junho de 2015

Estratégia dá 3° lugar a Hélio, em Toronto


A gente desce a lenha na transmissão da Globo, mas a verdade é que tem coisa bem pior por aí. Um exemplo foi a transmissão da Indy hoje, pelo canal Band Sports. Contando com Carlos Fernando na narração e Antônio Petrin (!?) nos comentários, o canal mostrou como se sucateia uma transmissão automobilística. Os dois profissionais escalados simplesmente não entendiam a dinâmica da corrida, em especial Petrin, que não conseguiu captar a estratégia de Hélio Castroneves, Luca Fillipi e Joseph Newgarden, que souberam aproveitar as bandeiras amarelas para parar menos vezes nos boxes e conseguir galgar posições.

Antônio Petrin é um remanescente das saudosas e incríveis transmissões do SBT nos anos 90, atuando como reporter ao lado de Luiz Carlos Azenha, nas resenhas conduzidas in loco por Téo José e Dedê Gomez. Arrisco dizer que o automobilismo brasileiro jamais viu, e jamais verá novamente, uma transmissão de corrida tão bem esquematizada e respeitosa como eram aquelas. Os caras entrevistavam os pilotos ao vivo, pelo rádio, durante a corrida! Hoje a Indy é tratada como plano C da Band, que na maioria das vezes relega as corridas ao canal Band Sports, limitadíssimo nos pacotes de TV a Cabo. Até que Felipe Giaffone, o comentarista titular, faz um bom trabalho, mas não tem estrutura alguma para atuar. E hoje ele se ausentou, por estar disputando uma corrida de Fórmula Truck.

De qualquer maneira, gostei da corrida de Toronto, pista tradicional da categoria. Com poucas bandeiras amarelas, a corrida foi bem disputada, teve um pega interessante entre Will Power e Simon Pagenaud pela primeira posição. Mas, com uma estratégia muito bem calculada, os três pilotos que citei no início do texto apareceram no final, seguidos de Power. Tony Kanaan fez uma prova razoável, terminando em 6°.

Hélio Castroneves acordou tarde e vai ter que remar bastante para alcançar Power, Scott Dixon e Juan Pablo Montoya, que se destacam na ponta da tabela. Castroneves é um piloto muito regular, mas como teve um início de campeonato ruim, vai ter que buscar vitórias. Hoje, teve a chance ao sair de pneus mais macios após sua última parada, mas preferiu conservar o terceiro lugar. A pista de Toronto é difícil, tem poucos pontos de ultrapassagem, então talvez tenha mesmo sido o melhor a se fazer.

Mas, para conquistar seu primeiro título, vai ter que adotar uma postura mais agressiva.

domingo, 7 de junho de 2015

Acabou a ilusão



Durou pouco a ilusão que tivemos de que tínhamos um campeonato entre os pilotos da Mercedes. O GP do Canadá serviu para mostrar que 2015 é o ano de Lewis Hamilton que, em circunstâncias normais, vence as corridas com extrema facilidade. Em Montreal, Hamilton mostrou um invejável domínio de corrida, até mesmo quando parecia não ter a melhor performance do seu carro. No final da prova, quando Nico Rosberg encostou, em nenhum momento conseguiu fazer com que a diferença para o líder fosse menor do que 1 segundo. No campeonato são 17 pontos entre eles, uma diferença que deve seguir aumentando até o fim do ano.

Valteri Bottas fechou o pódio, uma excelente terceira colocação, mas que foi conseguida devido a um erro besta de Kimi Raikkonen, que rodou sozinho e vai complicando sua permanência na Ferrari para 2016. A Ferrari tem o segundo melhor carro do grid e, com Vettel fora de combate, qualquer coisa que não seja o pódio é um resultado desastroso para o finlandês. E foi exatamente isso que aconteceu.

Mas os destaques da prova foram mesmo Sebastian Vettel e Felipe Massa. Largando no fim do grid, devido a problemas nos motores de suas Ferrari e Williams, os dois fizeram várias ultrapassagens, com destaque para a linda manobra de Massa sobre Marcus Ericsson. Vettel foi menos exuberante, mas escolheu uma estratégia de corrida muito boa e conseguiu a quinta posição, uma a frente do brasileiro, mesmo fazendo uma parada a mais. Excepcional corrida de ambos.

A próxima prova será na Áustria, onde no ano passado, Massa conseguiu a única pole de um carro não Mercedes no ano de 2014. Não há muitos indícios de que isso possa ocorrer novamente, mas a pista austríaca favorece os motores da Mercedes e poderá ajudar a Williams a conseguir mais um bom resultado, o que significa um terceiro lugar. Os dois primeiros, já têm dono.