segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Nova pista, antigo vencedor

Novas regras, mais ultrapassagens, mais paradas de box, novas pistas. Quando Bernie Ecclestone pensou nas novas regras para a Fórmula 1 este ano, não imaginava que Sebastian Vettel se encarregaria de transformar um promissor campeonato, numa chatice sem fim.


Não há mais nada em disputa e, por mais que as primeiras provas tenham sido movimentadas, a verdade é que, na maioria delas, nenhum piloto teve chance. Vettel e a Red Bull detonaram a concorrência. E, como o alemão segue atrás de recordes, a perspectiva para as duas últimas provas do ano não são muito animadoras.

E foi uma pena que não pudemos ver, neste novo circuito da Índia, uma boa disputa pela liderança. O traçado seletivo, ajudado pelo relevo cheio de irregularidades, ajudou Hermann Tilke a desenhar a melhor de suas pistas até hoje.

Na verdade não vimos disputa nenhuma. Mesmo a briga entre Hamilton e Massa durou pouco, o inglês se jogou por dentro numa freada, Felipe não deu espaço e eles se tocaram mais uma vez no ano. Desta vez a FIA entendeu que Massa foi o culpado e puniu o brasileiro. Particularmente acho que qualquer tentativa de ultrapassagem envolve riscos e os toques são, às vezes, inevitáveis. E, sim, desta vez Felipe forçou a barra. Mas quebrou sua asa e essa já seria uma punição natural.

O brasileiro, aliás, se entendeu mal com as zebras do circuito indiano e quebrou sua suspensão duas vezes no fim de semana, ao subir nelas. Certamente a Ferrari está testando componentes para 2012 no carro do brasileiro, no que está certa: já que ele não ajuda em nada mesmo, que sirva pelo menos para testar inovações.

Os outros brasileiros também foram mal. Bruno Senna teve problemas com o Kers e não conseguiu marcar pontos. Começou bem na Renault, mas veio caindo e a equipe já anunciou que Romain Grosjean anda com o carro nos treinos de sexta feira de Interlagos e Abu Dhabi. Já Rubinho praticamente não disputou a corrida com a carroça da Williams.

Vamos ver se Interlagos, uma pista que geralmente oferece boas corridas, consegue superar a sanha de Vettel por recordes.

Classificação final (10 primeiros)

1º) Sebastian Vettel – RedBull Renault
Soberano, novamente fez a melhor volta da corrida no final. Está humilhando o resto.

2º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz
Fez o que pode para acompanhar Vettel, mas em nenhum momento conseguiu ameaça-lo. Segue firme para se tornar o vice campeão, merecidamente.

3º) Fernando Alonso – Ferrari
Andando mais que o carro, novamente, aproveitou-se da parada de box para tomar o pódio de Mark Webber.

4º) Mark Webber – RedBull Renault
Levando-se em conta o desempenho de Vettel, podemos considerar a temporada de Mark Webber absolutamente desastrosa. Mais uma vez, mesmo largando em segundo, foi ficando para trás.

5º) Michael Schumacher – Mercedes Benz
Fez o que podia com a Mercedes para garantir mais um bom resultado.

6º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Novamente chegando atrás de Schumacher. Está só 5 pontos a frente do companheiro. Conhecendo o heptacampeão como conhecemos, podemos afirmar: ele vai buscar.

7º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Não teve culpa na batida com Massa mas teve que trocar a asa dianteira e perdeu muito tempo. Ele, Webber e o brasileiro seguem como os “coadjuvantes trapalhões” de 2011.

8º) Jaime Alguersuari – Toro Rosso Ferrari
Um bom final de ano para o espanhol e a Toro Rosso. Mais um resultado digno de nota.

9º) Adrian Sutil – Force India Mercedes Benz
Correndo em casa, esperava-se mais da equipe Indiana. Nem Sutil, nem Di Resta, conseguiram andar num ritmo bom durante a prova. O alemão ainda conseguiu dois pontinhos com a parada de box de Bruno Senna no final.

10º) Sérgio Perez – Sauber Ferrari
Sauber muito mal nessa pista. O mexicano ainda conseguiu salvar um pontinho.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mais uma lição para aprender

Dan Wheldon celebra vitória em Indianápolis: seu último grande momento na Indy

Era para ser uma corrida festiva, a decisão de um campeonato entre dois pilotos, um evento especial, com premiação atrativa, que reuniria, inclusive, pilotos que não disputam a temporada regular da Fórmula Indy. Mas a 15ª volta do GP de Las Vegas, ontem, marcou o fim do campeonato de uma maneira trágica: um acidente violento levou 16 carros e vitimou, fatalmente, o inglês Dan Wheldon, campeão da categoria em 2005, duas vezes vencedor das 500 milhas de Indianápolis.

Há algo errado com a Indy. É evidente que correr a mais de 350KM/h num circuito oval não é e nunca será 100% seguro. Assim como Wheldon, muitos já morreram e, sem dúvida, outros tantos vão acabar morrendo também. Mas também é evidente que não se pode colocar 34 carros para correr num circuito tão pequeno. Assim como não se pode colocar carros tão velozes para correr numa improvisação desajeitada como a pista de rua de São Paulo.

Gosto muito da Fórmula Indy, já falei sobre isso aqui. É uma categoria interessante, competitiva, bem mais próxima do automobilismo clássico do que a Fórmula 1. Mas, desde que houve a separação entre IRL e Cart, em 96, a Indy parece ter perdido a medida do que é profissionalismo e do que é irresponsabilidade.

Essa corrida de Las Vegas não tinha razão de existir, não dessa maneira. Uma decisão de campeonato tem que ser atrativa por si só. Tentar montar uma “mini 500 milhas”, com 34 carros numa pista tão pequena me parece uma enorme irresponsabilidade. E é impossível não relacionar o acidente com a superlotação do traçado. A batida aconteceu no 15ª volta, estavam todos juntos buscando posicionamento. Quando os primeiros carros rodaram, deram início a um caos que, certamente, teria sido bem menos grave do que se a pista estivesse sendo ocupada pelos habituais 20 competidores.

Quem gosta de automobilismo, sabe que acidentes graves acontecem. Mas, quando ocorrem, sempre ficamos com a sensação de que poderiam ter sido evitados. Dan Wheldon (que, no Brasil, virou Don Wheldon, graças a incapacidade de Luciano do Valle de decorar nomes) não era um fora de série, mas foi um ótimo piloto. Parecia ser um bom sujeito, pelos depoimentos que surgem aqui e ali. Foi campeão da Indy em 2005 e, este ano, venceu as 500 milhas numa chegada incrível, inesquecível, um dos grandes momentos da história da corrida.

Deixou mulher e dois filhos. E algumas lições a serem aprendidas por essa competitiva, mas insegura Fórmula Indy.

Vettel vence em outra pista medíocre

“A equipe duvidou que eu faria a melhor volta da prova. Fui lá e fiz”. Assim é o relacionamento de Sebastian Vettel e a equipe Red Bull. O alemão liderava o GP da Coréia com folga, tinha as duas mãos na taça mas, na última volta foi desafiado pelo seu time e fez a melhor volta da prova. Evidentemente fez isso porque o campeonato já estava decidido, mas mostra a força do conjunto da Red Bull, conforme falei aqui outro dia.


A vitória de Vettel, somada ao terceiro lugar de Mark Webber, garantiu à equipe austríaca o título de construtores e deixou para as últimas três provas, apenas a decisão do vice-campeonato.

Infelizmente, a pista coreana, assim como a maioria dos circuitos desenhados por Hermann Tilke, não é capaz de oferecer uma boa corrida, por mais que os pilotos se esforcem. O desenho burocrático de curvas para a direita e para a esquerda, em seqüência, torna as manobras de ultrapassagens praticamente impossíveis.

Foi uma pena, portanto, que os pilotos não conseguiram manter o ritmo da 1ª volta, quando Vettel, Hamilton, Massa, Webber e Button protagonizaram uma grande disputa. Depois disso o alemão abriu vantagem e ficamos acompanhando a interessante disputa entre pilotos da Ferrari, que seguiam em 4º e 5º lugares.

Massa, que largou muito bem, tentava perseguir Mark Webber e segurava seu companheiro Fernando Alonso. A Ferrari tratou de derrubar seus pilotos, segurando-os na pista com pneus gastos tempo suficiente para que Button ultrapassasse os dois. Massa então tentou pressionar o inglês com Alonso em seu encalço, quando parou para fazer uma nova parada. Na volta pegou tráfego, Alonso se segurou mais tempo na pista e ficou a frente do brasileiro.

E aí apareceu a verdadeira diferença entre eles. Alonso voltou voando e, rapidamente, encostou no pelotão da frente. Em seu Twitter oficial, a Ferrari disse algo como “este é o ritmo de Alonso sem ninguém na sua frente”, uma clara alfinetada no brasileiro que mostra como o ambiente é ruim para Felipe nos bastidores. Mas, por mais que achemos um absurdo, é preciso constatar que a Ferrari, apesar de deselegante, tem razão. No momento, a diferença entre seus dois pilotos é gritante.

No final ainda tivemos uma perseguição insana de Webber a Button, pelo segundo lugar. O inglês da McLaren se manteve à frente e conseguiu um belo resultado na briga pelo vice campeonato.

Que é o que importa agora, até o final do ano. E, infelizmente, com duas pistas de Hermann Tilke no caminho. Só Interlagos poderá nos salvar!

Classificação Final (10 primeiros)

1º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault
Vitória do tranquila do bicampeão, que deixou Hamilton para trás na terceira curva e não viu mais ninguém na sua frente.

2º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
A McLaren parecia não ter um bom ritmo de corrida e Hamilton nada pode fazer contra Vettel. Mas conseguiu frear Mark Webber e garantiu um ótimo segundo lugar.

3º) Mark Webber – Red Bull Renault
Tentou de todas as formas ultrapassar Lewis Hamilton, mas o kartódromo coreano não permite ultrapassagens.

4º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz
Mais discreto desta vez, aproveitou-se da boa estratégia de parada de box da equipe para se recuperar da má largada.

5º) Fernando Alonso – Ferrari
Passou toda a prova atrás de Felipe Massa, já que a pista é uma porcaria. Depois da última parada, superou o brasileiro, fez uma seqüência de voltas voadoras e encostou no pelotão da frente. E, de novo, não conseguiu ultrapassar.

6º) Felipe Massa – Ferrari
Fez sua melhor prova do ano, o que mostra a sua atual limitação. Depois que foi superado pelo companheiro, sumiu na corrida, conseguindo apenas o 6º lugar.

7º) Jaime Alguersuari – Toro Rosso Ferrari
Destaque da corrida, junto com Kovalainen, conseguiu ultrapassar Rosberg na última volta, aproveitando-se da asa móvel.

8º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Apático, parece desmotivado neste final de temporada. Fez uma corrida discreta e perdeu a posição para Alguersuari na última volta.

9º) Sebastian Buemi – Toro Rosso Ferrari
Salvou pontos importantes para a Toro Rosso no fim de semana, embora tenha ficado distante do companheiro de equipe.

10º) Paul di Resta – Force India Mercedes Benz
Conseguiu um ponto importante para a Force India, que não teve bom desempenho neste fim de semana.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Campeonato encerrado

Vettel e Newey: duas das razões do sucesso da Red Bull
O campeonato de 2011 acabou. Claro, ainda teremos disputas pelo vice campeonato e pela taça de construtores, mas ninguém liga para isso. O fato é que Sebastian Vettel resolveu a situação com quatro corridas de antecedência, demonstrando estar numa fase brilhante da sua carreira e conduzindo um carro com a assinatura de Adrian Newey, que geralmente é garantia de bons resultados.


O processo de amadurecimento do alemão é bastante claro. Após um campeonato errático, no qual cometeu erros e foi ameaçado até mesmo por Mark Webber em 2010, Vettel aprendeu a lição. Em 2011 não deu chances à concorrência, incluindo aí seu companheiro de equipe, e se tornou o mais jovem bi-campeão da história.

A Red Bull é um caso raro de equipe que conseguiu, em muito pouco tempo, se tornar uma das maiores da Fórmula 1. Não é, ainda, uma lenda do esporte e, evidentemente, só vai continuar nele enquanto estiver obtendo bons resultados. Mas não custa lembrar que eles chegaram à F1 em 2005 e, apenas 6 anos depois, já são bi-campeões da categoria.

E é inegável que o investimento em Sebastian Vettel e Adrian Newey é uma das razões deste sucesso. Newey é o cara que mais fez carros vencedores na categoria. Soube se atualizar para se manter no topo (ao contrário de outros como Jonh Barnard e Harvey Postlethwaite), trabalha com uma equipe composta só de feras e sabe o que um carro precisa para ser mais rápido.

Já Vettel tem a cara do esporte atual. Profissional ao extremo, tem a equipe em torno de si pelo seu carisma e consegue ser um campeão que não atrai a antipatia de ninguém (Senna era o “midiático” e Schumacher o “Dick Vigarista”, só para citar dois exemplos) e ainda prova o seu talento na pista, alternando corridas agressivas com provas cautelosas em busca do resultado, como foi no Japão. E, quando erra, como no Canadá, assume a falha e aprende com ela.

É cedo para saber se Vettel conseguirá chegar perto dos recordes do compatriota Schumacher. Ele precisaria contar com uma sintonia perfeita entre piloto + equipe durante mais alguns anos, como aconteceu com a Ferrari na década passada, para se aproximar destes números. Difícil? Com certeza. Mas não impossível para um piloto que vem mostrando cada dia mais recursos.

PS – As tais três semanas de férias acabaram se estendendo um pouco, mas agora estou de volta à rotina de postagens no blog. Espero que ainda tenha alguém aí!