terça-feira, 19 de abril de 2011

GP da China: Red Bull é refém de um KERS deficitário

O GP da China foi a melhor corrida da temporada até aqui. Aliás, é a melhor corrida em condições normais (sem chuva) em pelo menos 3 anos. Ainda é cedo para dar o braço a torcer em relação às novas regras, mas a verdade é que, pela primeira vez no ano, elas trabalharam a favor.


A corrida foi um verdadeiro festival de brigas e ultrapassagens, com destaque para os duelos Schumacher x Alonso, Petrov x Webber, Hamilton x Button e, claro, Vettel x Hamilton. Essa aliás, foi a briga que definiu a vitória e, uma corrida cujo vencedor supera o adversário na pista, é sempre diferenciada.


Continuo achando que a asa móvel é uma covardia, mas a verdade é que os pilotos não se limitaram à sua utilização para realizar ultrapassagens. Tivemos a oportunidade de ver várias brigas em diversos pontos do circuito, com carros quase se tocando.


Também foi uma corrida que mostrou algumas verdades:


_ Felipe Massa parece ter acordado do sono em que estava mergulhado desde seu acidente na Hungria, em 2009.


_ A Williams vai ter que trabalhar muito para conseguir extrair desempenho do seu carro.


_ Com esses pneus que se desgastam rápido, não será possível arriscar estratégias muito ousadas, o que é uma ótima notícia. Quem quiser vencer, terá que ganhar posições na pista.


_ A Red Bull tem um ótimo carro, mas seu Kers é uma porcaria. É bom trabalharem nisso ou terão trabalho com a McLaren.


Com isso o campeonato vai ganhando as caras de Sebastian Vettel, Lewis Hamilton e, talvez, Jenson Button. Os outros, ao que parece, vão só contribuir com o espetáculo.


Classificação final (10 primeiros)


1º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Quase não largou por conta de um vazamento de óleo no motor do seu carro. Mas, na pista, compensou com a raça de sempre.


2º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault
O KERS é o calcanhar de aquiles da Red Bull. Sabendo disso, Vettel tentou uma estratégia diferente, mas ela também não deu certo. Foi inteligente ao respeitar as limitações do seu carro e garantir pontos importantes para o campeonato.


3º) Mark Webber – Red Bull Renault
Depois do vexame na classificação, se recuperou na corrida fazendo inúmeras ultrapassagens. Mais algumas voltas, ganharia a prova.


4º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz
Estava muito desatento, tanto que errou de box na primeira parada. Mas fez um GP combativo, dentro das possibilidades do seu equipamento.


5º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Com uma ótima estratégia na primeira parada, parecia que levaria a Mercedes à sua primeira vitória. Mas, com problemas de consumo de combustível, foi ficando para trás.


6º) Felipe Massa – Ferrari
Sua melhor corrida desde a Alemanha em 2010. Ainda anda atrás do companheiro de equipe, principalmente em classificações, mas manteve bom ritmo de corrida. No final, com uma parada a menos, seus pneus não agüentaram.


7º) Fernando Alonso – Ferrari
Mais apagado do que de costume, parece impaciente com o carro ruim que a Ferrari fez para 2011. Vai ter trabalho.


8º) Michael Schumacher – Mercedes Benz
Prejudicado na classifcação, largou em 14º e fechou a primeira volta em 9º. Mostrou a velha classe na briga com Alonso, fez ultrapassagens e foi mais combativo.


9º) Vitaly Petrov – Renault
Prejudicado nos treinos, quando teve problemas no câmbio da Renault, poderia ter chegado mais à frente se tivesse se classificado melhor.


10º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari
Sempre um show na pista, desta vez correu o tempo todo com o bico do carro avariado, por causa de um toque no início da corrida.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

GP da Malásia: na poeira de Vettel



Sebastian Vettel vence na Malásia: adversários vão ter que se esforçar mais


Se há uma coisa boa na Fórmula 1 é o fato de que, por mais que se inventem regras mirabolantes, os vencedores são, invariavelmente, os melhores pilotos. Basta lembrar os anos de Michael Schumacher, quando a FIA chegou até a adotar uma pontuação ridícula, diminuindo drasticamente a diferença de pontos entre os dois primeiros colocados. Nem assim o alemão deixou de humilhar a concorrência.


E 2011 temos pneus que duram pouco mais de 10 voltas, asas móveis e Kers. E, na ponta, Sebastian Vettel. O alemão tem duas poles e duas vitórias, nas quais pouco foi incomodado pelos adversários. Talvez o carro da Red Bull não seja tão espetacular quanto se pensava no início do ano, e o desempenho de Mark Webber é uma prova disso. Mas a combinação Vettel, Red Bull, parece ser, por enquanto, imbatível.


Na cola do alemão, veem as duas McLaren. Button, regular como sempre, vai chegando aos poucos, enquanto Hamilton precisa tomar cuidado para que seus erros não o prejudiquem demais. Esses pneus, que parecem um pudim de leite condensado, pedem uma condução mais cuidadosa e, aparentemente, o campeão de 2009 tem uma direção mais limpa que o de 2008.


E, mais atrás, a Ferrari. Dessa vez, Felipe Massa até foi um pouco mais combativo, mas nada que chamasse a atenção. Chegou à frente de Fernando Alonso, mas embora os esforços globais enfiem este resultado goela abaixo da torcida, reforçando que o espanhol errou e o brasileiro não, é bom lembrar que Alonso errou tentando. E, se conseguisse, chegaria ao pódio. Isso é melhor do que passar a corrida toda se defendendo dos outros, como fez Felipe.


Sobre a corrida, continuo com a mesma opinião que tinha a respeito da corrida anterior. O problema da F1 continua sendo a FIA. Regras demais, punições demais. Sim tivemos belas brigas durante a corrida e a tal asa móvel funcionou melhor aqui do que em Melbourne. Mas, essas brigas não existiriam sem isso? Isso fora as que deixaram de existir porque os pilotos precisam parar nos boxes o tempo todo, para trocar seus pneus gelatina.


Por fim, duas notinhas: reconhecimento ao esforço da Hispania que, depois do vexame na Austrália, se classificou para a corrida na Malásia. E de preocupação com a Williams, que parecia ter feito um bom carro. Mas, resultados mesmo, ainda não vimos.


Classificação final (10 primeiros):


1º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault Pole e vitória, sem nenhum percalço. No final, Jenson Button chegou perto, mas Vettel parece nem ter se incomodado. É o cara a ser batido neste início de campeonato.


2º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz Devagar e sempre. Esse é o lema do sempre eficiente Jenson Button. Conservou melhor seus pneus e, com inteligência, chegou em segundo, perto do vencedor. Se a McLaren ganhar alguns milésimos de segundo no carro, pode ameaçar Vettel.


3º) Nick Heidfeld – Renault Se recuperando da péssima prova na Austrália, Nick andou bem, foi combativo e mostrou a boa e velha regularidade para conquistar um excelente resultado. Esse carro da Renault vai dar trabalho em 2011.


4º) Mark Webber – Red Bull Renault Longe do companheiro Vettel, com dificuldade para lidar com os novos pneus. Webber, aos poucos, vai voltando ao seu estágio normal.


5º) Felipe Massa – Ferrari Um pouco melhor do que na Austrália, mas ainda longe do desempenho de Fernando Alonso. Foi prejudicado no Pit Stop da Ferrari, mas isso não escondeu sua pouca velocidade na corrida.


6º) Fernando Alonso – Ferrari Protagonizou a mais bela disputa da prova, com Lewis Hamilton e acabou cometendo um erro que lhe custou o pódio. Mas mostrou a raça de sempre.


7º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari O japonês voltou a mostrar o arrojo de 2010, protagonizando belas disputas com Michael Schumacher. E deixou o velhinho comendo poeira.


8º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz Gastou mais pneus do que Button, e acabou tendo que parar para trocá-los no finalzinho. Aí a FIA resolveu punir ele e Alonso pela bela disputa que protagonizaram, jogando o inglês mais para trás ainda.


9º) Michael Schumacher – Mercedes Benz O velho heptacampeão segue tomando uma surra da meninada. Dessa vez, Kamui Kobayashi não teve pena de seus cabelos brancos. Mas, segundo ele, continua valendo a diversão. Então tá bom.


10º) Paul di Resta – Force India Mercedes Benz Esperava mais da Force India. Por isso mesmo, é preciso reconhecer que o início de Paul di Resta é animador, para quem vem pilotando um carro ruim.

terça-feira, 5 de abril de 2011

No Brasil, a culpa é dos dirigentes

Gustavo Sondermann: vítima da incompetência e da negligência dos nossos dirigentes


Demorei um pouco para escrever sobre o terrível acidente que vitimou Gustavo Sondermann, no último domingo, em Interlagos, durante a etapa da Copa Montana. Demorei porque é muito duro escrever sobre mortes no automobilismo, embora seja um esporte no qual o risco é altíssimo. Demorei porque queria ver a reação de todos, os depoimentos, a manifestação de pilotos e dirigentes. Demorei porque fiquei estarrecido de não ter visto nada que prestasse, já que esse acidente provou, de uma vez por todas, que nosso automobilismo está condenado.


Sondermann não morreu porque a curva do Café é insegura,porque não tem área de escape ou porque o carro que pilotava era frágil. Morreu porque o automobilismo brasileiro não tem dirigentes. E por não ter dirigentes, não houve uma alma viva que, depois da morte de Rafael Sperafico, no mesmo ponto em 2007, percebesse que a soma de todos esses fatores é capaz de causar um acidente, e não apenas um deles.


Os carros da Stock Car e da Copa Montana são mal construídos. Se não fossem, não teriam goteiras, como vimos na última prova do campeonato do ano passado. Sobre a curva do Café, assino embaixo no que disse Flávio Gomes, em seu blog: para um Fórmula, ela não é perigosa, mas para um carro pesado e com pouca aderência como os Stock/Montana, é. O circuito de Interlagos possui uma enorme área na parte interna da Junção, que poderia ser utilizada para a construção de uma chicane decente para diminuir a velocidade dos carros. E, para fazer isso, não precisa de homologação nenhuma da FIA, como disse o imbecil do Cleyton Pintero, presidente da CBA.


E é aí, na minha opinião, que mora o problema. Pintero é um idiota. Demorou quase 24 horas para se manifestar sobre o acidente e, quando o fez, retirou dos ombros da CBA toda a culpa, dizendo que FIA homologou o circuito daquele jeito e é daquele jeito que ele deve ser. E ainda teve seu discurso endossado por Nestor Valduga, diretor de competições, outro imbecil que afirmou não haver motivo para se mudar o circuito, já que ele está liberado pela FIA. Então se a FIA homologar uma pista de cascalho, a CBA permitirá uma corrida da Stock lá? A FIA libera o circuito para uma corrida de Fórmula 1, mas não diz que a mesma pista pode receber um Stock, um caminhão, ou uma bicicleta.


A esses dois animais, um recadinho: o automobilismo brasileiro pertence à CBA. As categorias, todas elas, pertencem à CBA, assim como os circuitos que estão em cada estado. E o fato de não termos nenhuma categoria de base, o fato de nossos circuitos estarem acabando (Interlagos, que recebe a Fórmula 1, estava tomado por mato até a semana passada), mostra bem o valor que a CBA dá ao esporte que administra. E se não dá valor ao esporte, também estão se lixando para os pilotos e para a vida destes. Todos sabemos que o automobilismo é um esporte de risco e os acidentes são parte deste esporte. E quando acontecem, geralmente, têm vários fatores envolvidos. Mas, quando não se aprende com estes fatores, a culpa pelos próximos, automaticamente, passa para os dirigentes.


Parabéns Cleyton Pintero, seu idiota.