Heidfeld é o escolhido da Renault

Nick Heidfeld a bordo da Lotus Renault: escolha lógica para o lugar de Kubica

A Renault acabou de confirmar que Nick Heidfeld será o substituto de Robert Kubica em 2011, ou até que o polonês se recupere totalmente do acidente que sofreu a duas semanas. Não há surpresas: Heidfeld é um piloto experiente e rápido, que passou 2010 desenvolvendo os pneus Pirelli, substituiu De La Rosa nas últimas provas do ano marcando a mesma quantidade de pontos que o espanhol havia marcado. E, para completar, sentou no R31 em Jerez de la Frontera e fez o melhor tempo no dia em que testou.

A escolha é acertada. É bem provável que a Renault precise de alguém para o ano todo e, como já tem o fraco Vitaly Petrov, não acho que poderia ser arriscar com um novato como Bruno Senna. Como eu disse, se o russo é quem tivesse se acidentado, a vaga seria do brasileiro. Mas para ficar no lugar de Kubica, o negócio era confiar em Heidfeld.

Chequei a pensar que a equipe iria, novamente, atrás de Kimi Raikkonen, mas isso também seria temeroso. O finlandês esteve fora da F1 em 2010 e, como não é dos mais aplicados, dificilmente se adaptaria de novo à categoria rapidamente.

Nick Heidfeld não é nenhum às do volante, disputou mais de 150 GP’s e não conseguiu vitória alguma. Tem bons resultados em equipes medianas, aproveitou bem o ano de 2008, quando a BMW fez um bom carro, é eficiente, se relaciona bem com mecânicos e chefes. Para Bruno Senna, o saldo é positivo. Aproveitou bem sua chance quando testou o carro em Jerez de la Frontera, continua freqüentando a F1, com liberdade para negociar seu passe para 2012. Bem melhor do que se arrastar com aquela carroça da Hispania.

Um pequeno balanço dos primeiros testes

A temporada 2011 da Fórmula 1 começa no mês que vem e, nas últimas semanas, Valência e Jerez de la Frontera foram os palcos escolhidos pela categoria para afinar os instrumentos da orquestra. Ainda falta mais uma bateria de testes, no Barhein, mas já é possível observar algumas coisas.

Red Bull, Mercedes, Ferrari, Lotus Renault (antiga Renault) e Williams se revezaram nas primeiras posições. Nos casos de Williams e Mercedes, as lideranças de Barrichello e Schumacher representaram um grande alívio, já que as equipes vinham enfrentando dificuldades. Sempre se pode dizer que os testes de pré-temporada são uma terra de ninguém, onde as equipes andam fora do regulamento para aparecerem nos noticiários e atraírem patrocinadores. Mas também é bom lembrar que, com as limitações de testes impostas pela FIA, ninguém pode perder muito tempo fazendo tempos falsos. É preciso aproveitar cada segundo para aperfeiçoar o carro.

A Lotus Renault (antiga Renault, vai ser um saco esse negócio de duas Lotus, sinal dos tempos nessa F1 sem identidade) parece ter tido um salto em relação ao ano passado. Em todos os dias, seus pilotos fizeram tempos consistentes, principalmente Nick Heidfeld e Bruno Senna. A vaga de Kubica deve ficar com o alemão, uma decisão sábia da equipe que precisa mesmo de alguém experiente. Ponto para Senna que foi lá e fez seu trabalho bem feito, demonstrando profissionalismo e maturidade.

A McLaren e Force India andaram com carros novos somente em Jerez e não fizeram bons tempos. Ainda é preciso esperar a próxima bateria para conhecer o potencial dessas equipes. As nanicas Marussia Virgin e Lotus (a verde, do ano passado), continuam ruins, mas parecem ter se aproximado mais das equipes maiores. Mas eu esperava mais da Lotus, que foi a que mais cresceu em 2010 e tem o motor Renault como trunfo. A Hispania ainda não entrou na pista.

E, por enquanto, Red Bull e Ferrari parecem continuar na frente das outras. Na Ferrari, Felipe Massa andou forte, mostrando que vai, pelo menos, tentar andar perto de Fernando Alonso este ano. Será uma disputa interessante. Tomara que estas duas tenham a companhia de McLaren, Lotus Renault e Mercedes na disputa pela ponta em 2011.

Lotus-Renault já chega enfrentando problemas

A Lotus- Renault está em maus lençóis. A fatalidade do acidente de Robert Kubica, numa prova de Rali este fim de semana, além de deixar consternado todo o mundo do automobilismo, colocou a equipe francesa numa sinuca de bico que eles não esperavam ter que enfrentar agora. Após apresentar seu carro na última semana com nada menos do que cinco pilotos de testes (Bruno Senna, Ho-Pin Tung, Romain Grosjean, Jan Charouz e Fairuz Fauzy), os dirigentes agora se dão conta de que nenhum deles serve para ser titular na temporada 2011, já que a possibilidade de Kubica pilotar este ano parece muito improvável.

Aqui no Brasil, foguetes já estavam sendo lançados, o Twitter recheado de sennistas comemorando a provável ascensão de Bruno Senna à titularidade. Cedo demais. O chefe da Renault, Eric Boullier, já deu entrevistas dizendo que vai procurar um piloto mais experiente para liderar a equipe. Está certíssimo. Se o acidentado tivesse sido Vitaly Petrov, não acredito que a equipe tivesse muitas dúvidas em promover o brasileiro, mas para o lugar de Kubica será necessária muita bala na agulha.

O problema é que a dupla da Renault já tinha um papel claro: Petrov para garantir a grana, e Kubica para trazer resultados. E Bruno Senna ainda não é o cara para liderar uma equipe que quer ser de ponta. A Renault vai precisar de alguém forte, com bom conhecimento de carros, que seja rápido e capaz de incomodar os adversários de verdade. E alguns nomes já estão sendo ventilados.

Meu palpite: vão despejar um caminhão de dinheiro no quintal de Kimi Raikkonen. Já especularam seu nome em anos anteriores e acredito que seja o mais indicado. Nick Heidfeld é eficiente, mas não tem a estrela de Kubica, situação na qual se encaixa Rubens Barrichello, outro que está sendo falado. Nico Hulkenberg é um novato, assim como Bruno Senna, então não seria indicado. Jacques Villeneuve seria uma piada de péssimo gosto.

Se Raikkonen voltar à F1, a equipe ganha em qualidade e o público ganha em espetáculo. Pelo menos seria um consolo por termos perdido a chance de ver Kubica em ação em 2011. O polonês fará muita falta neste ano.