terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vettel e Red Bull: vitória merecida




Sebastian Vettel: título merecido mesmo após um ano de muitos erros



A vitória de Sebastian Vettel e da Red Bull no GP de Abu Dhabi, no último domingo, foi emblemática por vários motivos. Óbvio que o principal deles foi permitir que Vettel se sagrasse campeão, já que ele foi o piloto mais rápido do ano (pelo menos o que fez mais poles), mesmo tendo cometido vários erros. Mas se mostrou forte num momento de grande dificuldade e seu poder decisão foi colocado à prova nas duas últimas corridas. Mas a sua vitória teve outros elementos que valem ser citados:


1) A Red Bull mostrou que deixar seus pilotos disputarem é uma atitude de coragem, que pode trazer problemas (Turquia) mas que, no final, torna a vitória mais justa e bonita de se ver.


2) Mark Webber fez um grande ano, o seu melhor na F1. Sua vitória em Silverstone foi memorável. Mas no final, ao invés de se concentrar no seu próprio desempenho, preocupou-se em exigir tratamento de 1º piloto. Perdeu o foco, brigou com a equipe e foi superado pelo companheiro de equipe. Um golpe duro depois de um ano brilhante, mas não tem do que reclamar.


3) Fernando Alonso foi o cara em 2010. Chegou na Ferrari, destronou Felipe Massa, chegou à última corrida como líder do campeonato a bordo de um carro deficiente. Mas perdeu o título, reclamou de Petrov e saiu como mal perdedor mais uma vez. Não precisava.


Dito isso, a conclusão é que a Red Bull foi mesmo a grande vencedora de 2010. Fez o melhor carro, confirmou Vettel como uma realidade da categoria, apresentou um Mark Webber como nunca tínhamos visto antes, tudo isso deixando seus pilotos disputarem entre si, se lixando para a opinião pública, contornando seus problemas com bom humor e esportividade.


Antigamente o sonho de todo piloto era correr pela Ferrari. Acho que, depois dessa temporada, isso vai mudar um pouco.


Classificação Final (10 primeiros)


1º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault
Quase perdeu para Hamilton na primeira curva, mas fechou a porta e dominou toda a corrida tranqüilamente. Campeão merecido, pois parou de cometer erros no momento certo.


2º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Tinha poucas chances de título mas, mesmo assim, fez o que pode para perseguir Vettel. Mas não foi páreo para o ritmo da Red Bull.

3º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz
Roubou a posição de Alonso na largada e tentou o pulo do gato de novo ao retardar sua parada nos boxes. Acabou não dando certo.



4º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Fecha o ano com uma bela quarta posição, a bordo de um carro problemático. Um dos destaques de 2010.

5º) Robert Kubica – Renault
Junto com Rosberg, foi um dos destaques de 2010. Nesta corrida conseguiu uma bela ultrapassagem por fora no final da grande reta.



6º) Vitaly Petrov – Renault
Nessa pista só é possível ultrapassar se o adversário cometer algum erro. Petrov não errou e se manteve à frente do desesperado Fernando Alonso para conseguir um belo resultado.

7º) Fernando Alonso – Ferrari
Perdeu uma posição na largada, se deu mal nas paradas de box e não conseguiu se recuperar. Na única vez que tentou ultrapassar Petrov, quase bateu com o russo. Reclamou sem razão, perdeu o campeonato e ainda saiu como mau perdedor.



8°) Mark Webber – Red Bull Renault
Corrida apagada do australiano. Sua classificação ruim lhe tirou de vez da briga pelo campeonato e parece tê-lo tirado toda a motivação. Encerra um ano brilhante de um jeito triste.

9º) Jaime Alguesuari – Toro Rosso Ferrari
Outro que se aproveitou da estratégia para marcar pontos e se manteve à frente de Massa sem cometer erros.

10º) Felipe Massa – Ferrari
Aliviado por chegar ao fim de sua pior temporada na Fórmula 1, Massa fez uma corrida discreta, como foram todas este ano.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Felipe Massa e a torcida em Interlagos

Como comentei com vocês no post anterior, este ano não pude ir a Interlagos ver o GP do Brasil. Por isso, ontem, telefonei para o meu amigo picareta Fábio Campos, um assíduo freqüentador das arquibancadas paulistanas e grande admirador da cultura local. Segundo ele, esses são alguns fatos relevantes para pensarmos sobre as reações da torcida brasileira:

_ Felipe Massa foi solenemente ignorado durante todo o fim de semana. Não se ouviram vaias, tampouco aplausos. Geralmente quando os pilotos brasileiros passam em frente às arquibancadas, principalmente nos treinos, há um barulho por parte da torcida. Com Massa, dessa vez, não se ouviu nada, era como se fosse um piloto qualquer.

_ A tradicional torcida Pisa Fundo, que fica no setor G trocou sua milenar bandeira da Ferrari por uma da Red Bull. Um dos membros da torcida disse que a decisão da troca foi tomada imediatamente após o fim do GP da Alemanha.

_ Fernando Alonso foi eleito o vilão da F1 pelo público brasileiro, sendo xingado de todos os nomes possíveis pelos torcedores durante o fim de semana.

_ Enquanto isso, Rubens Barrichello foi ovacionado como nunca antes havia sido. Durante o desfile dos pilotos, antes da corrida, as arquibancadas do Setor G quase vieram abaixo com a torcida pulando aos gritos de “Rubinho, Rubinho, Rubinho”.

É perfeitamente possível entender tal reação. Rubens Barrichello, agora ídolo, sempre foi visto como segundo piloto. Ninguém nunca acreditou, no íntimo, que ele teria condições de ser campeão na Ferrari. A atitude de Rubinho na Austria, em 2002, foi tão covarde quanto à de Massa na Alemanha, em 2010, mas tenho a impressão que Felipe decepcionou mais a torcida. Depois do que fez em 2008 e, principalmente, após o GP do Brasil daquele ano ficou a certeza de que ele seria campeão algum dia. Mas a surra que ele tomou de Fernando Alonso este ano, somada à sua atitude miserável de abrir mão de uma vitória em função do companheiro magoou profundamente a torcida.

Isso é reversível? Claro que sim. Uma boa temporada em 2011, mostrando a combatividade e o poder de reação que o consagraram, pode resgatar a imagem de Felipe Massa. Essa idolatria por Barrichello mostra que o brasileiro tem memória curta e que os pecados de ontem podem ser perdoados amanhã. Basta querer.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

GP do Brasil: show da Red Bull

Logo na primeira curva, Vettel assumiu a liderança e foi embora. Se não tivesse errado tanto este ano poderia até já ter fechado o campeonato

As 71 voltas do Grande Prêmio do Brasil devem ter sido intensas para quem estava presente no autódromo (este ano não pude ir, infelizmente). Na metade final da prova tínhamos um pelotão de 8 carros disputando posições intensamente. Uma pena que o público que curtiu a corrida de casa não pôde ver essa disputa em detalhes, já que a TV preferiu focar o desempenho dos três primeiros colocados que, apesar de terem trocado tempos de volta interessantes, jamais se encontraram na pista.

O GP do Brasil prometia muitas emoções, principalmente depois da incrível pole de Nico Hulkenberg no sábado, aproveitando as condições da pista. Mas o jovem alemão da Williams foi engolido pelos adversários no início da prova (a manobra mais linda foi a de Alonso, no final da descida do lago). A partir da daí a prova só foi salva pelas brigas intermediárias, com destaque para as ultrapassagens de Hamilton e Button sobre Kobayashi e a briga entre Felipe Massa e Sebastien Buemi.

A dobradinha da Red Bull garantiu à equipe austríaca o seu primeiro título de construtores. Se seus dois pilotos não tivessem feito tantas bobagens em 2010 (principalmente Vettel) a equipe deveria estar comemorando também o de pilotos. Aliás, se tivesse invertido as posições dos dois ontem, seria favoritíssima a vencer com Webber em Abu Dhabi. Mas a equipe entende que, se o australiano quiser vencer, que vá para cima. Aplausos para ela.

Entre os brasileiros, o destaque foi Emerson Fittipaldi que emocionou a todos com a volta que deu a bordo de sua Lotus 72. Foi um momento de arrepiar. Entre os outros, nada digno de nota.

Agora a descisão fica para Abu Dhabi. Se Mark Webber quiser vencer o campeonato, basta que ganhe a corrida e torça para Alonso não chegar em segundo. O carro da Red Bull é tão superior que não parece ser algo difícil. O problema é que ele precisa chegar à frente do companheiro Vettel e, isso sim, é um grande obstáculo.

Classificação final (10 primeiros)

1º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault
Esperto, ganhou a corrida na primeira curva, quando ultrapassou Hulkenberg logo na largada. Depois manteve o ritmo forte, incluindo voltas voadoras após a saída do Safety Car. Se não tivesse feito tanta besteira em 2010 bem mais confortável na decisão.

2º) Mark Webber – Red Bull Renault
Também conseguiu se livrar rapidamente de Hulkenberg, andou no mesmo ritmo do companheiro até a entrada do Safety Car mas depois ficou para trás. Se conseguir andar à frente de Vettel em Abu Dhabi pode ganhar o campeonato.

3º) Fernando Alonso – Ferrari
Impressionou com o ritmo forte que impôs no início e no final da prova, mas estava andando mais que o carro. Fez a mais bonita das ultrapassagens sobre Hulkenberg e depois pilotou com segurança para garantir o pódio.

4º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Errou quando estava à frente de Alonso e, claramente, não tinha carro para chegar nos líderes. Tem chances matemáticas de ganhar o campeonato mas sua reta final de temporada é muito ruim.

5º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz
Se despediu das chances de título com uma bela corrida em Interlagos. Largou em 11º, adotou uma estratégia diferente e se manteve sempre rápido e atirado nas ultrapassagens. Lembrou o Button de 2009.

6º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Outro que fez bela prova, chegando novamente à frente do companheiro heptacampeão.

7º) Michael Schumacher – Mercedes Benz
Na sua volta a Interlagos, Schumacher fez o que já vinha fazendo ao longo do ano: brigas por posições intermediárias, sem muito brilho ou destaque.

8º) Nico Hulkenberg – Williams Cosworth
Deu show no sábado aproveitando-se das condições da pista. No domingo, com sol, foi engolido pelos adversários.

9º) Robert Kubica – Renault
Ficou preso no pelotão que se formou atrás de Hulkenberg no início da corrida e depois do pitstop não conseguiu ultrapassar ninguém. Pelo que se viu no terceiro treino livre, esperava-se mais.

10º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari
Protagonizou duas brigas com as McLaren de Hamilton e Button mas não resistiu e foi ultrapassado pelos dois.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Por um novo lugar ao sol

Felipe Massa falou hoje, em São Paulo. Classificou a temporada como “não positiva”, disse que enfrentou muitos problemas para aquecer os pneus nas classificações, alfinetou a imprensa que, segundo ele, o hostilizou mais do que a própria torcida após o episódio da Alemanha e, por fim, disse que, se precisar, abrirá caminho para Fernando Alonso no GP do Brasil. “Sou profissional”, foi a sua declaração.

É sempre um alento ouvir Massa falando porque em geral, é um camarada ponderado e polido, que mede muito bem as palavras e toma muito cuidado para não complicar sua situação na equipe. Ponto para ele. Fosse Barrichello estaria dizendo que Alonso é um babaca, que a equipe é ridícula e a torcida que se exploda.

Mesmo assim, posso estar muito enganado, mas acho que Massa deveria usar seu 2011 para procurar uma boa equipe na qual possa dar continuidade à sua carreira a partir de 2012. Porque do jeito que Fernando Alonso “chegou chegando” na Ferrari, acho que o brasileiro não o alcança mais. Obviamente que não estou dizendo isso só porque o espanhol pode ser campeão no primeiro ano, já que Raikkonen conseguiu a mesma proeza em 2007 perdendo espaço em 2008. Mas o finlandês nunca foi idolatrado na equipe como é agora Alonso, que tem os mecânicos nas mãos. Espaço conquistado com talento e velocidade.

Deixemos de bobagem. A Ferrari luta pelos seus interesses e tem todo o direito. Quando deu a ordem para que Felipe Massa deixasse Alonso passar na Alemanha, este ano, estava pensando no campeonato. Caberia a Massa que é, afinal de contas, quem acelera, freia, troca as marchas e faz as curvas, acatar ou não a decisão. Acatando, assinou sua condição de segundo piloto que, desconfio, exercerá enquanto estiver na Ferrari.