segunda-feira, 30 de agosto de 2010

GP da Bélgica começa a definir disputa pelo campeonato

Hamilton à frente do pelotão: ele e Mark Webber despontam como únicos postulantes ao título

Pistas boas costumam oferecer corridas boas, disso não há mais dúvidas. Spa é assim. Uma pista desafiadora, com um clima instável, que exige dos pilotos concentração, habilidade e inteligência. Por isso mesmo quem vence na Bélgica, invariavelmente é quem está na disputa do título. E, neste ano, parece que vai ser assim: Hamilton em primeiro e Webber em segundo deverão ser os adversários na disputa do caneco este ano.

Nenhuma surpresa com relação ao inglês, que faz uma temporada espetacular, se mantendo na liderança do campeonato sem ter o melhor carro. Já o australiano, este ninguém esperava mesmo. Mas Webber vem sendo um dos grandes de 2010, peitou sua equipe num momento crucial (GP da Inglaterra) e, quando comete erros, estes não são decisivos. Ele consegue se recuperar. Neste fim de semana, ele errou na largada, mas conseguiu um bom segundo lugar, numa excelente prova de recuperação.

E quem diria, os coadjuvantes na luta pelo título, podem ser justamente os companheiros dos pilotos de McLaren e Red Bull: o atual campeão Jenson Button e o queridinho da equipe austríaca, Sebastian Vettel. Button começou o ano bem, mas vem caindo nas últimas corridas. É um piloto muito eficiente, mas que se apaga quando os resultados não aparecem. Já Vettel, é um caso a parte: é rápido, mas erra demais. Ontem, mais uma vez tentando uma ultrapassagem, acabou vacilando e batendo na lateral do próprio Button, tirando o inglês da corrida.

Aliás, falando sobre esse acidente, acredito que a Fórmula 1 esteja precisando repensar sua postura. Vettel errou, é verdade, mas errou tentando ultrapassar um adversário. O fato de a FIA tê-lo punido depois demonstra o nível de rigor que a categoria atingiu. Ora, um piloto que tenta uma ultrapassagem está assumindo um risco, que é inerente ao automobilismo. Se errar e bater ele já está, automaticamente, punido, não há necessidade de obrigá-lo a passar pelos boxes. Desse jeito, cada vez mais, os pilotos vão ficando inibidos de tentar ultrapassagens, e quem perde é o público.

Classificação final (10 primeiros)

1º) Lewis Hamilton – McLaren Mercedes Benz
Quase perdeu a corrida ao se manter na pista molhada com pneus de pista seca, por ordem da equipe. Esses engenheiros estão precisando confiar mais nos seus pilotos.

2º) Mark Webber – Red Bull Renault
Errou legal na largada, mas se recuperou muito bem. Faz um campeonato fantástico e, se ficar com o título, será mais do que merecido.

3º) Robert Kubica – Renault
Outro belo resultado do polonês, aproveitando-se do bom desempenho da Renault nesta pista. Desse jeito pode despertar interesse das equipes maiores.

4º) Felipe Massa – Ferrari
Não passou ninguém e nem foi ultrapassado. Uma das suas piores temporadas na F1. Conseguiu o quarto lugar por causa da batida entre Button e Vettel. Se Alonso não tivesse batido, não duvido que o espanhol teria incomodado o brasileiro.

5º) Adrian Sutil – Force India Mercedes Benz
A Force India parece ter se achado em Spa. Depois da pole de Fisichella no ano passado, a equipe voltou a andar bem este ano.

6º) Nico Rosberg – Mercedes Benz
Levou uma ultrapassegem do companheiro durante a corrida mas se recuperou e chegou à frente. O clima entre os dois vai azedando, mas ele parece não estar nem aí. Faz muito bem.

7º) Michael Schumacher – Mercedes Benz
Muito mal na classificação, o alemão mostrou seu velho faro de raposa velha, ao esperar a chuva vir para trocar seus pneus. Com isso, obteve um bom resultado, ainda que chegando atrás do companheiro, de novo.

8º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari
Mais um bom resultado do japonês, aproveitando a evolução do carro da Sauber.

9º) Vitaly Petrov – Renault
Prova de recuperação espetacular do russo, com direito a belas ultrapassagens. Vai entrando no clima da Fórmula 1.

10º) Vitantônio Liuzzi - Force India Mercedes Benz
Não conseguiu aproveitar tão bem o bom desempenho da Force India em Spa, embora tenha marcado um pontinho importante.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Racing Festival em Interlagos

Estive em Interlagos, no último fim de semana, acompanhando a terceira etapa do Racing Festival, torneio apadrinhado por Felipe Massa, que reúne três competições: Trofeo Línea (Turismo), Formula Future (Monopostos) e 600 Hornet (Motos). Já tinha acompanhado a primeira etapa no Rio de Janeiro e, desta vez, foi possível tirar algumas conclusões sobre o evento:

Público
Infelizmente não há. As poucas pessoas que vão ao evento são convidados dos patrocinadores. As arquibancadas, mesmo sendo de graça, estavam absolutamente vazias. Mas o interessante é que o público vai chegando ao longo do evento e não vai embora, o que mostra que as corridas são interessantes e despertam interesse de quem chega a ir. Talvez com um pouco mais de divulgação seja possível atrair mais pessoas, até porque...

Organização
... as empresas que estão por trás do Racing Festival cuidam bem do seu evento. Tudo é muito organizado, há muitas opções de alimentação, stands com carros (inclusive dois modelos usados nas corridas, um Línea e um Formula Future, que despertam grande interesse do público), boa sinalização em torno do autódromo. É claro que aumentando o número de pessoas, aumenta a desorganização e quem já foi à Fórmula 1 sabe bem do que estou falando, mas há potencial para crescimento ali.

Competição
Entre as três categorias, a que mais provoca frisson entre os espectadores é o Trofeo Línea. E não é à toa: as duas corridas foram espetaculares, com muitas disputas, um grid recheado de pilotos do primeiro escalão. Acredito que o Trofeo Línea pode, perfeitamente, evoluir para uma categoria de turismo de alto nível, com participação de outras marcas, fazendo dela a principal categoria de turismo do Brasil.

A 600 Hornet também tem sua parcela de destaque. As duas provas foram bem disputadas, vimos algumas quedas, mas nada grave. É realmente interessante ver que as pessoas no Brasil gostam de corridas de moto, mesmo sabendo que nosso país não tem tradição neste tipo de evento.

Mas o que preocupa mesmo é a Fórmula Future. Os carros são bem interessantes, mas o grid é minguado, apenas 8 carros largaram (no Rio foram 9). Dessa forma não há disputas na pista e o público se desinteressa rapidinho. Não foram poucos os que aproveitaram esta corrida para fazer um lanche. É um abacaxi que os idealizadores precisaram descascar, pois o grande apelo do Racing Festival junto à CBA é realmente a formação de novos pilotos. Será necessário realizar um estudo de custos para incentivar a entrada dos pilotos que saem do Kart, caso contrário a categoria vai durar muito pouco.

Em resumo é isso: o Racing Festival decepciona como categoria escola, mas empolga com a promessa de uma categoria de turismo espetacular. Agora é preciso equilibrar esta balança. A semente já está plantada e acredito que vamos conseguir colher os frutos muito em breve.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Show de nostalgia




Quando pensei neste blog, tempos depois de me despedir do saudoso GridGP, imaginei um espaço no qual pudesse falar não só sobre automobilismo, mas também sobre automóveis em geral. Aliás, é por isso mesmo que o blog recebeu o nome de Velocidade & Cia. Mas a falta de tempo somada a pouca inspiração acabaram por transformá-lo num espaço dedicado exclusivamente à cobertura de corridas.

Mas se eu precisava de algum incentivo para retomar esta conversa, ele veio na semana passada. Em comemoração aos seus 50 anos, a Revista Quatro Rodas acabou relançar todo o acervo em meio digital, num formato idêntico ao que a Veja já tinha adotado.

Assino esta revista desde que tinha dez anos. A primeira assinatura foi presente de aniversário de um tio. Me lembro da capa como se fosse hoje: o recém-lançado Ford Verona andando a toda velocidade numa praia. Depois de 12 meses a assinatura acabou, meu avô a renovou e até hoje sou um leitor assíduo desta publicação, que aliás foi um dos temas da minha monografia de conclusão do curso de jornalismo.

Não vou discutir as qualidades editoriais da Revista, que para mim são inúmeras. Nesse momento, só posso recomendar um passeio demorado pelas edições. Há, por exemplo, um teste curiosíssimo, em 1992, por exemplo, colocando frente a frente os carros da Ford x os da Volkswagen, que formavam a Autolatina, na época. E dá-lhe Escort XR3, Fiat Prêmio, Tempra, Elba, Gol GTI, Monza, carros que fizeram parte da história da nossa indústria e que são a base do que temos hoje. Isso sem contar os exemplares das décadas de 60 e 70, uma festa para os fãs dessa época.

As mudanças na diagramação, no projeto gráfico (destaque positivo para os belos ensaios fotográficos do início dos anos 90, inclusive nas reportagens sobre turismo; e negativo para a tentativa de utilizar uma linguagem e uma diagramação mais bem humorada no final da mesma década, o que deixou a Revista engraçada, para dizer o mínimo), nos textos sempre bem feitos e apaixonados, as análises precisas, os títulos inacreditavelmente perfeitos, enfim, uma revista que faz parte da história da indústria automotiva.

Quatro Rodas faz parte da minha formação como cidadão e, se me interessei em cursar jornalismo, certamente devo muito desta decisão a Revista. Parabéns pelos seus 50 anos e obrigado por este presente que foi dado a nós, os leitores.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

GP da Hungria: em corrida chata, Webber chega à liderança do campeonato


Rubinho x Schumacher: rusgas do passado em jogo, numa manobra linda e perigosa




Em primeiro lugar, vamos ao óbvio: esperar uma grande corrida nesta pista de Budapeste é perda de tempo. Ultrapassada, estreita, cheia de curvas de baixa velocidade, uma única reta muito curta. Tecnicamente não favorece em nada uma competição em alto nível como a Fórmula 1. E, se nos treinos, os dois melhores carros fazem dobradinha no grid, aí então a coisa se complica.



Só mesmo fatores externos podem mudar o resultado de uma prova assim e isso aconteceu ontem, com a entrada do Safety Car por causa de um pedaço de carro perdido na pista. Não gerou nenhuma disputa interessante, mas tirou uma vitória que estava nas mãos de Sebastian Vettel. E a corrida ficou nas mãos de Mark Webber que não entrou nos boxes para trocar seus pneus macios durante a entrada do Safety Car e parecia que ia perder a corrida. Mas se aproveitou do carro espetacular que tem em suas mãos e deu um show na pista, andando por cerca de 40 voltas com os mesmo pneus abrindo vantagem suficiente para entrar nos boxes e voltar ainda líder.



E voltou na frente de Fernando Alonso, já que Sebastian Vettel foi punido por não manter a distância necessária para o Safety Car. O alemão ficou bem bravo com a situação, mas infringiu uma regra e vai se complicando no campeonato por conta de sua inexperiência. Na volta à pista ainda tentou pressionar o espanhol da Ferrari, mas sem sucesso. E parecia que nada mais aconteceria até que...



... até que Rubens Barrichello, que tinha largado com pneus duros, entrou no box e voltou atrás do alemão Michael Schumacher. Os dois protagonizaram uma disputa dura, um pega bonito de ser ver, entre dois veteranos com muita história para contar. A ultrapassagem veio no fim da corrida, com Rubinho se jogando por dentro, e sendo jogado no muro pelo alemão. Uma disputa claramente carregada de mágoas do passado, de ambas as partes.



A foto que ilustra este post não nos deixa mentir: Schumacher foi desleal. Ele pode defender sua posição, óbvio, mas não pode jogar um piloto no muro desse jeito. Aliás, já imaginaram se tivesse algum infeliz saindo do box àquela altura? A FIA também achou a coisa perigosa, tanto que puniu Schumacher, que vai perder dez posições no grid para a corrida da Bélgica.



Parabéns a Rubinho pela ultrapassagem linda, uma das mais belas de 2010. Mas menos, muito menos, para a repercussão do fato no Brasil. A coisa está sendo tratada como uma disputa histórica, uma vingança de toda uma nação contra o alemão que sacaneava o brasileiro. E Rubinho, claro, carrega nas entrevistas, se revolta, bate no peito. Bobagem. Estamos falando de uma disputa pelo décimo lugar, entre dois pilotos de grande categoria, que nunca se bicaram, e que estão tocando o seu final de carreira de forma digna. Corridas são assim mesmo, um tentando passar e o outro tentando se defender. Se alguém for desleal na manobra será punido, como foi Schumacher. E pronto.



Classificação final (10 primeiros)



1º) Mark Webber – Red Bull Renault

Salvo pelo Safety Car, aproveitou a oportunidade, traçou uma estratégia ousada e cumpriu seu objetivo com muita competência. Chega a liderança do campeonato se valendo do grande equipamento que tem nas mãos e da maior experiência em relação ao companheiro.



2º) Fernando Alonso – Ferrari

Vai beliscando resultados importantes. Há apenas 10 pontos do líder, não há como não dizer que não está na briga.



3º) Sebastian Vettel – Red Bull Renault

Se não fosse o Safety Car, ganharia fácil. Ainda assim, poderia ter se mantido próximo do companheiro, herdando a liderança após a parada de Webber. Mas, mais uma vez, se embananou sozinho e acabou em terceiro.



4º) Felipe Massa – Ferrari

Burocrático, se limitou a se manter na pista. Poderia ter tentado chegar na briga com Vettel e Alonso mas, aparentemente, ficou com preguiça.



5º) Vitaly Petrov – Renault

Ótimo resultado do russo, que foi muito bem no sábado e se manteve rápido e constante na corrida.



6º) Nico Hülkenberg – Williams Cosworth

Consistente o fim de semana todo, superando o companheiro de equipe.



7º) Pedro de la Rosa – Sauber Ferrari

Brilhante com um carro limitado, passando ao Q3 no sábado e marcando pontos no domingo. Deu adeus ao azar que vinha acompanhando-o em 2010.



8º) Jenson Button – McLaren Mercedes Benz

Mal na classificação de novo, não conseguiu impor seu ritmo no domingo. Resultado ruim para suas pretensões no campeonato. Poderia ter se aproveitado do abandono de Lewis Hamilton.



9º) Kamui Kobayashi – Sauber Ferrari

Mais pontos para o japonês, que faz uma temporada das mais honestas, apesar dos erros ocasionais.



10º) Rubens Barrichello – Williams Cosworth

Pontinho conseguido na raça, após linda ultrapassagem sobre o ex-companheiro de equipe Michael Schumacher.